Óleos Microbianos: Leveduras e Microalgas Buscam Alternativa ao Azeite de Palma
Editado por: Olga Samsonova
A pressão ambiental exercida pela dependência global do azeite de palma, um insumo essencial em diversos setores, impulsiona a inovação em direção a alternativas sustentáveis. A expansão das plantações de palma tem gerado um custo ambiental significativo, com a Indonésia e a Malásia registrando perdas florestais de 16% e 47%, respectivamente, entre 1972 e 2015, devido a essa cultura. Em resposta, óleos derivados de microrganismos, como leveduras e microalgas, estão sendo desenvolvidos, apresentando perfis de ácidos graxos que replicam a versatilidade do azeite de palma, particularmente em aplicações de gorduras especializadas.
Pesquisadores estão aprimorando o uso da levedura Metschnikowia pulcherrima para a produção de óleos de grau cosmético, com planos de expandir para aplicações alimentícias. A empresa holandesa NoPalm Ingredients, fundada em 2021 e sediada em Wageningen, está industrializando essa tecnologia com o objetivo de estabelecer uma cadeia de óleos e gorduras independente de palmeiras. A companhia implementa sua primeira fábrica demonstrativa no Food Innovation Campus em Ede, em colaboração com a NIZO Food Research. Esta unidade marca a transição da escala piloto para a comercial, com capacidade inicial projetada para centenas de toneladas anuais, visando superar 1.200 toneladas, utilizando leveduras não transgênicas para converter resíduos agrícolas em óleos de levedura funcionais.
O CEO Lars Langhout destacou a urgência da situação, mencionando que a oferta certificada pela RSPO não consegue acompanhar o crescimento anual de 4% na demanda por azeite de palma. Em uma abordagem paralela, a Checkerspot, sediada na Califórnia, desenvolveu um óleo alternativo a partir da microalga Prototheca moriformis. Este óleo possui um perfil de ácidos graxos comparável ao do azeite de palma, o que é vital para a aceitação no mercado, dado que o óleo de palma é valorizado por sua estabilidade química, resultante da proporção equilibrada de gorduras saturadas e insaturadas.
As vantagens ambientais dessas soluções microbianas são notáveis. A NoPalm Ingredients relata que seu processo de fermentação pode reduzir as emissões de carbono em até 90% e requer 99% menos terra em comparação com a produção convencional de azeite de palma. Cientistas, como William Chen da Universidade Tecnológica de Nanyang, apontam que o cultivo independente das condições climáticas, restrito a um biorreator, permite que microrganismos alcancem reduções de até 95% nas emissões de CO2 e um uso de terra significativamente menor que o azeite de palma ou de soja. O desafio central permanece em igualar a eficiência de alto volume e o custo atual do azeite de palma para permitir uma substituição em larga escala, embora a NoPalm Ingredients utilize uma tecnologia patenteada de baixo custo de capital para buscar a paridade de preço.
A demanda global por gorduras, que se projeta triplicar para 240 milhões de toneladas até 2050, exige soluções rápidas. Enquanto a indústria do azeite de palma movimenta aproximadamente 80 milhões de toneladas anualmente, a agricultura celular e a fermentação microbiana representam a vanguarda para a descarbonização da cadeia de suprimentos e a proteção de ecossistemas tropicais, oferecendo uma rota para gorduras funcionais com uma pegada ambiental reduzida.
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Fontes
just-food.com
NoPalm Ingredients and NIZO plan demo-scale yeast oil factory in the Netherlands
Yeast-Derived Palm Oil Alternative: a disruption to watch out Cosmetics
Fermentation-based palm oil maker NoPalm graduates to demo scale - Biofuels Digest
Fermentation-based palm oil maker NoPalm graduates to demo scale - Biofuels Digest
Palm Oil Relatively More Sustainable 2025 - PASPI
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