Recuperação da Baleia-Jubarte Revela Flexibilidade Comportamental em Meio a Mudanças Climáticas

Editado por: Olga Samsonova

A recuperação das populações de baleias-jubarte representa um dos sucessos mais notáveis no campo da conservação marinha global. Estimativas atuais apontam que a população mundial atingiu cerca de 80.000 indivíduos, um aumento significativo em relação ao período crítico em que o número havia caído para aproximadamente 10.000 espécimes. Este ressurgimento foi catalisado pela moratória internacional à caça comercial de baleias, imposta em 1986 pela Comissão Baleeira Internacional, visando reverter os declínios causados pela exploração industrial do século XX.

Um fator essencial para a resiliência evolutiva da espécie é a sua notável flexibilidade dietética. Pesquisas, como as conduzidas no Estreito de Senyavin, na Rússia, documentaram a capacidade das jubartes de realizar transições alimentares estratégicas, trocando o bacalhau-do-ártico por krill em momentos de escassez da fonte primária. A população do Atlântico Sul Ocidental, que chegou a representar apenas 2% do seu tamanho original devido à caça, agora exibe taxas de crescimento de 25% em quatro anos, reocupando sua área de ocorrência original, concentrada no Banco dos Abrolhos, na Bahia.

A inteligência alimentar das jubartes manifesta-se em técnicas de caça de alta eficácia, como o método conhecido como "trap feeding" ou alimentação por armadilha. Este comportamento sofisticado envolve a criação de uma rede de bolhas coordenada, onde as baleias sopram ar em padrões circulares para encurralar cardumes de presas, como o krill. Estudos recentes no Alasca, utilizando drones e sensores, indicaram que as jubartes ajustam ativamente o tamanho e a profundidade desses anéis de bolhas, o que pode aumentar a captura de alimento em um único mergulho sem acréscimo de gasto energético. Este comportamento é aprendido e transmitido socialmente entre os grupos.

Embora a recuperação da jubarte seja um indicativo positivo, a Dra. Olga Filatova, que também investiga orcas, expressa preocupação com espécies mais vulneráveis às alterações no Ártico, como a narval e a baleia-boreal. O derretimento do gelo marinho, impulsionado pelas mudanças climáticas, paradoxalmente abre novos habitats para as jubartes, ao passo que desestabiliza ecossistemas mais sensíveis. A caça predatória, que levou à morte de mais de 300.000 jubartes no Atlântico Sul até a suspensão da caça no Brasil em 1985, sublinha a necessidade de monitoramento contínuo, especialmente porque países como Noruega, Islândia e Japão (sob pretexto de pesquisa) mantêm atividades controversas.

A compreensão aprofundada dos hábitos comportamentais, incluindo estratégias de alimentação e padrões migratórios, é crucial para o desenvolvimento de estratégias de manejo adequadas. A pesquisa bibliométrica sobre a Megaptera novaeangliae indica que, apesar da importância global, mais de 50% dos estudos se concentram nas populações costeiras dos Estados Unidos, sendo o Brasil, a Austrália e o Canadá também centros produtivos de pesquisa.

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Fontes

  • Eurasia Review

  • EurekAlert!

  • Syddansk Universitet

  • Warp News

  • The Pew Charitable Trusts

  • University of Southern Denmark

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