Técnicas Enzimáticas da NUS Aprimoram Alfarroba como Alternativa Sustentável ao Cacau
Editado por: Olga Samsonova
A comunidade científica e a indústria de alimentos buscam alternativas sustentáveis para o cacau, cuja produção global enfrenta ameaças crescentes devido a doenças de colheitas e eventos climáticos extremos, particularmente na África Ocidental, região responsável por aproximadamente 70 por cento da produção mundial. Nesse cenário, pesquisadores do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos (FST) da Universidade Nacional de Singapura (NUS) desenvolveram métodos enzimáticos inovadores para transformar a polpa de alfarroba, derivada da planta resistente ao clima Ceratonia siliqua, em um substituto viável para o cacau.
O principal obstáculo para a adoção em larga escala da alfarroba reside em suas limitações sensoriais, especificamente a ausência do amargor e dos aromas ricos característicos do chocolate tradicional. O avanço tecnológico da NUS concentra-se em superar essa deficiência de sabor por meio de duas abordagens enzimáticas distintas, projetadas para modificar os precursores de sabor presentes na polpa de alfarroba torrada. Uma das técnicas envolve a aplicação de proteína de soja tratada enzimaticamente, um processo que intensifica compostos aromáticos análogos aos do cacau, como o 2-metilbutanal e o 3-metilbutanal, que são derivados de aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA).
O tratamento com enzimas, como a Flavourzyme, demonstrou aumentar o conteúdo de BCAA e peptídeos amargos, resultando em um incremento notável no amargor, correlacionado à introdução de peptídeos curtos e amargos. Esta aplicação, detalhada em pesquisa publicada no Journal of Food Science em 18 de julho de 2025, visa equilibrar o perfil de sabor geral da alfarroba. A segunda metodologia enzimática desenvolvida pelos cientistas da NUS foca na geração de monossacarídeos naturais, que conferem notas de doçura, torra e caramelo durante o processo de torrefação da alfarroba.
Este segundo processo, que utiliza a enzima adicionada diretamente ao pó de polpa de alfarroba e água, permite a criação de um perfil mais doce, alinhado com as preferências de consumidores que buscam alternativas com menor teor de adoçantes adicionados. A polpa de alfarroba, subproduto da fabricação da goma de alfarroba, já é naturalmente rica em açúcares totais (22,5–62,5 g/100 g de matéria seca) e fibra alimentar, além de ser isenta de cafeína e teobromina. Estas metodologias limpas e escaláveis têm o potencial de reduzir a dependência da indústria de chocolate em relação às cadeias de suprimentos de cacau voláteis, que registraram uma queda de 13,1% na produção de 2023-24 em relação à temporada anterior, segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO).
Ao agregar valor a um subproduto que seria destinado majoritariamente à ração animal, a inovação da NUS apoia modelos de economia circular e pode potencialmente estabilizar os custos para fabricantes e consumidores. O Professor Associado Liu Shao Quan, do FST da NUS, salientou que o aprimoramento do perfil de sabor da polpa de alfarroba pode incentivar os confeiteiros a incorporar o ingrediente em barras de chocolate, pós de cacau e bebidas. A indústria, que viu os preços futuros do cacau atingirem patamares historicamente elevados, como £6.693,67 por tonelada em Londres em junho de 2024, necessita de inovações como esta para garantir a estabilidade do produto e dos preços, uma estratégia essencial para a resiliência do setor, conforme defendido por especialistas como Sandro Marti, chefe de chocolate da Pronatec AG.
20 Visualizações
Fontes
Mirage News
National University of Singapore (NUS)
ResearchGate
National University of Singapore (NUS)
National University of Singapore (NUS)
PubMed
Leia mais notícias sobre este tema:
Encontrou um erro ou imprecisão?
Vamos considerar seus comentários assim que possível.
