Ações Japonesas Recuam com Decisões de Juros Divergentes do Fed e do Banco do Japão

Em 10 de dezembro de 2025, o mercado acionário japonês registrou um arrefecimento, com o índice Topix distanciando-se de seu pico histórico. Os investidores mantiveram-se cautelosos em antecipação aos desfechos das reuniões de política monetária do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos e do Banco do Japão (BoJ). Na quarta-feira, o Nikkei 225 Index encerrou o pregão com uma queda de 0,3%, estabelecendo-se em 50.481,99 pontos. Este movimento reflete a tensão gerada pela assimetria nas abordagens das duas principais autoridades monetárias globais.

A reunião do Fed resultou na implementação de um corte de taxa de juros de um quarto de ponto percentual, ajustando a taxa de fundos federais para o intervalo de 3,5% a 3,75%. Em contraste, o BoJ optou por adiar qualquer deliberação sobre o aumento de sua taxa de política monetária durante o encontro de dezembro, mantendo as medidas de flexibilização em vigor devido a uma perspectiva de inflação contida. Essa divergência nas políticas centrais fomentou um ambiente de hesitação no mercado acionário de Tóquio.

A consequente fraqueza do iene, contudo, beneficiou setores voltados à exportação. Empresas como a Honda Motor, listada na Bolsa de Valores de Tóquio sob o ticker 7267, viram suas ações valorizarem 3,3%, impulsionadas pela maior competitividade de seus produtos no exterior. Historicamente, um iene mais fraco favorece os lucros corporativos de exportadoras japonesas, que são dominantes no índice Nikkei. Setores ligados a inovações tecnológicas também apresentaram movimentações notáveis; fornecedores de componentes para Inteligência Artificial (IA), como a Mitsui Kinzoku, registraram um ganho de 4,4% em suas cotações. Em contrapartida, a farmacêutica Shionogi sofreu um revés, com suas ações caindo 4%.

O mercado global monitora essa dinâmica cambial, pois a trajetória do iene influencia substancialmente os resultados financeiros das corporações japonesas exportadoras. A sensibilidade do Japão às expectativas de corte de juros do Fed é alta, uma vez que a política americana pode ditar o ritmo para o BoJ através do canal de câmbio. A divergência entre a política fiscal expansionista do Japão e a postura cautelosa do BoJ, que em março havia abandonado o controle da curva de rendimentos, cria um cenário complexo para a gestão de risco no mercado de ações.

O mercado de títulos japonês também reflete essa tensão: os rendimentos dos títulos do governo japonês (JGBs) haviam subido com a intensificação das apostas em um aumento de taxa pelo BoJ, com o rendimento de 10 anos atingindo o nível mais alto desde 2007. Antes da decisão do Fed, a cautela anterior havia levado o Nikkei a fechar em alta no dia anterior, com o índice subindo 0,14% para 50.655,10 pontos, enquanto o Topix ficava praticamente estável. A Honda Motor, que atua nos setores automotivo e de bens de consumo, possui planos ambiciosos no Brasil, com investimentos de R$ 1,6 bilhão previstos até 2029.