Disciplina Dietética de Nikola Tesla Espelha Tendências Modernas de Saúde

As práticas alimentares rigorosamente controladas do inventor Nikola Tesla, marcadas por um forte minimalismo, encontram um paralelo notável com os conceitos contemporâneos de bem-estar, como o jejum intermitente. Tesla estruturava sua ingestão calórica em torno de apenas duas refeições diárias, eliminando intencionalmente o almoço para sincronizar seu corpo com o que ele percebia como os ritmos da Terra. Essa cadência de alimentação, documentada em pesquisas detalhadas, sugere uma antecipação de práticas de saúde que só ganharam destaque séculos depois.

O cientista, nascido em Smiljan, Croácia, em 10 de julho de 1856, e falecido em Nova York em 7 de janeiro de 1943, acreditava que essa divisão de duas refeições — café da manhã e um jantar por volta das 18h — estabelecia um intervalo de pelo menos 12 horas sem ingestão, um princípio central no jejum intermitente moderno. Para o desjejum, Tesla priorizava alimentos de fácil assimilação, concentrando-se em itens com alto teor proteico, como leite e claras de ovo, que ele considerava essenciais para sustentar sua jornada de trabalho diurna. Seu jantar era mantido leve, frequentemente consistindo em sopa de vegetais, um foco que visava garantir a ingestão adequada de vitaminas e promover a regulação intestinal.

Embora sua dieta fosse predominantemente baseada em vegetais, ele evitava carne e peixe com frequência, motivado pela crença de que tais alimentos elevavam os níveis de ácido úrico em seu organismo. Essa abordagem se alinha com o vegetarianismo que ele adotou mais tarde na vida, afastando-se de uma dieta inicial mais hedonista que incluía carne e café em excesso. O trabalho de pesquisa dedicado a desvendar o cardápio do célebre cientista foi compilado pelo renomado chef e publicista sérvio Milijan Stojanić em sua obra intitulada Teslin banket. Stojanić dedicou mais de duas décadas à investigação e seis anos à escrita do livro, que se tornou a primeira publicação a abordar as inclinações gastronômicas de Tesla, além de traçar seu percurso de vida de Smiljan até a América.

A consistência do padrão de duas refeições de Tesla ao longo de sua vida adulta é um dos pontos documentados por Stojanić, reforçando a disciplina alimentar como um pilar de sua longevidade e clareza mental. Além da restrição alimentar, Tesla mantinha uma aversão rigorosa a estimulantes como o tabaco e o café, uma escolha deliberada para preservar a máxima acuidade mental necessária para suas complexas atividades científicas e invenções. O inventor, que registrou 308 patentes em 27 países, incluindo a base para o sistema moderno de corrente alternada, via o corpo são como o veículo essencial para otimizar as capacidades da mente.

Sua convicção de que a subsistência a partir de alimentos derivados de plantas era um fato demonstrável e vantajoso para o desempenho intelectual era profunda. Essa filosofia nutricional, combinada com sua autodisciplina, permitiu-lhe manter uma rotina de trabalho extenuante, por vezes passando noites inteiras em claro focado em aprimorar seus inventos antes de registrá-los no papel. As motivações de Tesla para o vegetarianismo iam além da saúde pessoal, abrangendo também preocupações ambientais e de sustentabilidade relacionadas à criação de gado.

Em um artigo de junho de 1900 na The Century Magazine, Tesla argumentou que o princípio de criar gado para fornecer alimento era questionável, pois tendia à adição de massa de “menor velocidade”, preferindo a criação de vegetais. Essa visão progressista, que ligava a ética alimentar à sustentabilidade, demonstra que suas escolhas dietéticas eram fundamentadas em princípios amplos, e não apenas em gostos pessoais. Sua dedicação à saúde física, que incluía caminhar entre 8 a 10 quilômetros diariamente, era vista como um complemento necessário para sustentar sua genialidade inventiva, que o levou a prever tecnologias como smartphones e Wi-Fi antes de 1926.

A disciplina de Tesla, que incluía rituais com o número três e uma aversão a germes, evidenciava um controle extremo sobre seu ambiente e rotina, visando a máxima produtividade e saúde mental. O legado de sua dieta, portanto, não é apenas uma curiosidade, mas um reflexo de uma abordagem holística à performance humana, que hoje ressoa com as tendências de longevidade e otimização da saúde.