Indonésia Integra Educação Nutricional em Programa de Refeições Escolares Após Incidentes de Saúde

O governo da Indonésia instituiu uma nova diretriz que obriga a inclusão de educação nutricional formal no âmbito do seu Programa de Refeições Nutritivas Gratuitas (MBG). Esta medida visa ir além da distribuição de alimentos, concentrando-se na formação de uma consciência alimentar duradoura entre os estudantes. O Ministério da Educação Primária e Secundária disponibilizou um módulo técnico específico para equipar os educadores com as ferramentas necessárias para implementar este componente pedagógico no ambiente escolar.

Esta ação estratégica está alinhada com a visão de longo prazo do presidente Prabowo Subianto de desenvolver recursos humanos de alta qualidade, visando mitigar desafios nutricionais históricos que impactam o desempenho educacional e a saúde pública nacional. A implementação educacional exige que os professores conduzam uma simulação obrigatória de cinco minutos antes do consumo das refeições, assegurando a aplicação imediata dos princípios de nutrição balanceada. Adicionalmente, o conteúdo programático será integrado transversalmente a disciplinas curriculares existentes, como o Bahasa Indonesia, transformando o momento da refeição em uma oportunidade de aprendizado prático e contínuo.

O programa, lançado em janeiro de 2025, possui um orçamento superior a US$ 4 bilhões e tem como meta inicial atender aproximadamente 44 milhões de cidadãos, com a projeção de alcançar 82,9 milhões de beneficiários até março de 2026. A iniciativa indonésia espelha esforços globais de aprimoramento de programas de alimentação escolar, notadamente o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) do Brasil, que serve de referência para a nação do Sudeste Asiático. O presidente Subianto reconheceu o Brasil como um modelo em segurança alimentar e nutricional durante um encontro oficial em julho de 2025, indicando a inspiração do MBG nesse sistema consolidado.

Apesar do avanço educacional, a execução do MBG tem enfrentado desafios operacionais significativos. Entre janeiro e setembro de 2025, a Agência Nacional de Nutrição (NNA) confirmou 75 incidentes distintos de intoxicação alimentar relacionados ao programa, afetando 6.517 estudantes, com a detecção de bactérias como E. coli e Salmonella em amostras. O diretor da NNA, Dadan Hindayana, reportou ao Parlamento que 211 surtos, cerca de 48% do total registrado, estavam associados ao MBG, mesmo com o programa tendo alimentado cerca de 30 milhões de alunos até aquele momento.

Em resposta à crise de saúde pública, o governo indonésio decidiu manter o programa, implementando medidas corretivas, como o encerramento das cozinhas implicadas e a exigência de certificados de higiene para fornecedores. O desafio nutricional na Indonésia persiste, com o atraso de crescimento afetando mais de 4,5 milhões de crianças menores de cinco anos, o que representa 21% do total, segundo dados do UNICEF e do Programa Alimentar Mundial. A educação nutricional mandatória, assim, estabelece-se como um pilar essencial para a sustentabilidade do programa e para o combate à má-nutrição crônica, apoiando a visão de uma "Indonésia Dourada" em 2045.