Pesquisadores do Instituto Roslin, ligado à Universidade de Edimburgo, anunciaram um avanço notável no desenvolvimento de suínos geneticamente modificados que demonstram resistência completa à Peste Suína Clássica (PSC). A PSC é uma doença viral altamente contagiosa que historicamente impõe perdas econômicas severas às populações suinícolas globais, especialmente na Ásia e América Latina.
A inovação central da pesquisa envolveu a edição genética precisa de um componente proteico essencial para o ciclo de vida do vírus da PSC. Especificamente, os cientistas modificaram o gene responsável pela produção da proteína DNAJC14, alterando um único aminoácido. Essa alteração impede que o vírus utilize a proteína hospedeira para processar suas próprias proteínas, bloqueando assim sua capacidade de replicação dentro das células suínas.
Nos testes de exposição controlados, realizados em colaboração com a Agência de Saúde Animal e Vegetal do Reino Unido, os suínos geneticamente aprimorados permaneceram totalmente saudáveis e imunes ao vírus. Em contraste, os animais não modificados sucumbiram à infecção, manifestando os sintomas típicos da doença. A distinção clara entre os grupos confirmou a eficácia da intervenção genética como estratégia de prevenção biológica.
Este desenvolvimento promete redefinir os paradigmas de controle de doenças na suinocultura, potencialmente diminuindo a dependência de programas de vacinação dispendiosos e da necessidade de medidas drásticas como o abate sanitário. A pesquisa segue uma lógica científica semelhante a estudos anteriores que utilizaram edição genética, como o CRISPR-Cas9, para conferir resistência a outras enfermidades, como a Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína (PRRS).
A aplicação desta tecnologia abre discussões regulatórias e de aceitação pública. Nos Estados Unidos, a FDA já estabeleceu um caminho regulatório para animais geneticamente modificados, tratando-os como outros produtos biológicos. A expectativa é que inovações como a resistência à PSC possam transitar do laboratório para a produção de forma responsável, garantindo maior resiliência ao setor de produção de alimentos.