Métodos de Higienização de Alimentos e Implicações para a Saúde da Microbiota
Editado por: Olga Samsonova
A bioquímica Astrid Armengol tem promovido a adoção de métodos de higienização de frutas mais rigorosos em escala global, com foco na remoção de contaminantes invisíveis, como resíduos de pesticidas, ovos de insetos e fungos. Esta postura proativa na limpeza de vegetais e frutas está alinhada a uma tendência de saúde pública que prioriza a saúde intestinal e a composição da microbiota, reconhecendo-a como um ecossistema vital que influencia o metabolismo e a modulação imunológica.
Um dos procedimentos defendidos por Armengol utiliza ingredientes domésticos acessíveis, especificamente bicarbonato de sódio e vinagre branco, com o intuito de erradicar até 98% dos resíduos tóxicos superficiais. Pesquisas científicas, como as publicadas no Journal of Agricultural and Food Chemistry, corroboram a eficácia da imersão em solução de bicarbonato de sódio por 12 a 15 minutos, que pode remover até 99% de certos pesticidas. Essa ação alcalina demonstra ser mais eficiente na quebra de agrotóxicos de contato do que a lavagem com água corrente ou soluções de hipoclorito de sódio em tempos de exposição equivalentes.
Estudos laboratoriais com maçãs expostas a pesticidas como tiabendazol e phosmet indicaram que a solução de bicarbonato removeu 80% do tiabendazol e 96% do phosmet após 15 minutos de imersão. A técnica é especialmente relevante para frutas consumidas com casca, como morangos e uvas. Contudo, é crucial notar que este método atua predominantemente na superfície, não neutralizando pesticidas sistêmicos já absorvidos pelo interior do alimento.
A busca por higiene alimentar avançada ocorre em um contexto onde o Brasil se destaca no consumo de agrotóxicos. Segundo dados da FAO, o país utilizou 801 mil toneladas em 2022, um volume quase duplicado em comparação às 468 mil toneladas usadas pelos Estados Unidos no mesmo ano. O toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas, apoia o uso do bicarbonato para legumes e verduras, alertando que a ingestão de agrotóxicos acima dos limites legais pode acarretar danos ao sistema nervoso, fígado, rins e contribuir para o desenvolvimento de tumores e câncer.
Wong sugere que, após o tratamento alcalino, os alimentos sejam lavados com vinagre ou água sanitária para combater a contaminação microbiológica, visando uma limpeza multifacetada. Além do tratamento químico, a remoção mecânica é sempre recomendada para alimentos que acumulam mais resíduos, como morangos, maçãs e uvas, conforme listas de organizações como o Environmental Working Group (EWG). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também emite alertas sobre o risco de distúrbios neurológicos e reprodutivos associados ao consumo crônico de resíduos de pesticidas. A aplicação dessas práticas de higienização representa um passo concreto para mitigar a exposição química e apoiar a saúde da microbiota, intrinsecamente ligada à qualidade da dieta.
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Fontes
Executive Digest - A leitura indispensável para executivos
Executive Digest
UAI
Diário do Estado
O Antagonista
Itatiaia
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