Leitura Juvenil em Ecossistemas Digitais Desafia Noções de Declínio do Hábito de Ler
Editado por: Olga Samsonova
A premissa de que a juventude abandonou a leitura é contestada por evidências que apontam para uma crise de reconhecimento do hábito, e não para sua ausência. Pesquisas realizadas em 2021 por Cuesta e em 2025 por Echarri indicam um engajamento robusto em ecossistemas digitais como Wattpad e Goodreads, onde os jovens consomem narrativas e participam ativamente de discussões. Este cenário reflete uma mudança de paradigma na manifestação da leitura na contemporaneidade.
As tendências atuais confirmam o crescimento exponencial em gêneros de preferência juvenil, notadamente romance e fantasia, impulsionado pela visibilidade e interação proporcionada por redes sociais como o BookTok. Autores como Rebecca Yarros, com obras de fantasia como Fourth Wing, e Emily Henry, no romance, frequentemente alcançam o status de bestsellers juvenis devido à força motriz das mídias sociais na definição de popularidade literária.
O neurocientista Michel Desmurget, em sua obra A Fábrica de Cretinos Digitais, publicada em Portugal em 2021, alertou sobre o impacto negativo do excesso de telas. Contudo, o autor defende em seu livro subsequente, Ponham-nos a Ler!, que a leitura digital, quando eticamente mediada, pode ser um antídoto, promovendo o desenvolvimento cognitivo e a capacidade crítica. A dificuldade adulta em compreender a leitura moderna reside, frequentemente, na sua ocorrência em formatos digitais — romances, manga e fanfiction — que são desvalorizados em comparação com o livro impresso tradicional.
Dados estatísticos robustos sublinham o fervor leitor. Na Espanha, um levantamento de 2024 indicou que 75,3% dos indivíduos entre 14 e 24 anos dedicavam-se à leitura por lazer, posicionando-os como o grupo mais ávido leitor. Paralelamente, o Instituto Nacional de Estatística e Geografia (INEGI) do México registrou um ressurgimento da leitura em 2025, liderado por jovens que abraçam uma diversidade de materiais, incluindo o formato eletrônico, com o grupo de 12 a 24 anos apresentando o maior percentual de leitores (89,1%).
A resistência a tarefas escolares é, muitas vezes, uma objeção a textos obrigatórios que não dialogam com os interesses juvenis atuais, uma observação reforçada por Echarri em 2025. O conflito central reside na desqualificação, por parte de adultos, das escolhas literárias populares, ignorando o dinamismo da literatura juvenil. Este cenário foi palco do LITERAL 2025 Festival Internacional de Literatura Juvenil em Buenos Aires, realizado nos dias 8 e 9 de novembro na Biblioteca Parque de la Estación. O evento, organizado pelo Ministério de Cultura da Cidade de Buenos Aires em parceria com a Cátedra Vargas Llosa, reuniu autores internacionais como as espanholas Iria Parente e Selene Pascual, e a romancista Cherry Chic, juntamente com bookfluencers mexicanas como Raiza Revelles e Claudia Ramírez Lomelí.
Abordagens pedagógicas progressistas defendem o reconhecimento das práticas de leitura atuais da juventude. O Diretor Geral de Promoção do Livro, Bibliotecas e Cultura, Javier Martínez, afirmou que o festival Literal visa desmistificar a ideia de que os jovens leem menos, destacando a mudança para formas de engajamento mais coletivas e lúdicas. O evento serviu como um palco público e gratuito para celebrar essa nova geração de criadores e leitores, cujas histórias migram de plataformas de autopublicação para adaptações cinematográficas, consolidando a literatura juvenil como um acontecimento cultural de relevância no cenário contemporâneo.
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Fontes
El Pilón | Noticias de Valledupar, El Vallenato y el Caribe Colombiano
Extranoticias
El Pilón
Accio
Excélsior
EL PAÍS
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