Síria Completa Um Ano Pós-Queda de Assad: Estabilidade Frágil e Esforços de Reconstrução

Editado por: Tatyana Hurynovich

A República Árabe da Síria assinala o primeiro aniversário da derrubada da dinastia al-Assad, um marco ocorrido em 8 de dezembro de 2024, que pôs fim a catorze anos de guerra civil e a um regime que perdurou por quase um quarto de século sob Bashar al-Assad. As celebrações, que se estenderam por Damasco, incluindo a Praça Umayyad e a Mesquita Umayyad, e Aleppo, refletem um misto de júbilo pela libertação e a dura realidade dos desafios estruturais remanescentes.

O novo panorama político é encabeçado pelo Presidente interino Ahmed al-Sharaa, formalmente nomeado em 29 de janeiro de 2025, que tem focado os esforços na consolidação da estabilidade e na reintegração internacional do país. O colapso do regime seguiu-se a uma ofensiva relâmpago liderada pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que culminou na rápida desintegração do exército sírio em Hama, Homs e na tomada de Damasco, forçando Bashar al-Assad a buscar exílio em Moscovo, acolhido por forças russas. Um dos sucessos imediatos da transição foi o fim das linhas de frente ativas e o levantamento de restrições opressivas, como a proibição de mencionar moeda estrangeira sob pena de prisão, além do fim do serviço militar obrigatório.

A nova administração, formalizada como Governo Transitório Sírio em 29 de março de 2025, realizou as primeiras eleições parlamentares em outubro de 2025, com um período de transição planeado para durar até cinco anos, visando a implementação de uma nova estrutura governamental. Contudo, a euforia é temperada por graves tensões internas, nomeadamente a persistência da violência sectária, com registo de massacres documentados contra civis alauítas em março de 2025 e contra a comunidade drusa em julho de 2025. Especialistas apontam que estes atos enfraquecem o discurso conciliador de Al-Sharaa sobre uma Síria inclusiva, especialmente porque a comunidade alauíta, minoria da qual a família Assad fazia parte, tem sido alvo de violência e perseguição, apesar das garantias governamentais.

No campo humanitário e económico, há sinais de recuperação impulsionados pelo regresso de populações deslocadas. A Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) estimou que cerca de 1,2 milhão de refugiados e 1,9 milhão de deslocados internos regressaram a casa desde a queda de Assad. O governador do banco central sírio sublinha que o retorno de aproximadamente 1,5 milhão de refugiados está a impulsionar o crescimento económico. No entanto, a crise humanitária permanece vasta, com 16,5 milhões de pessoas a necessitar de ajuda em 2025, e o financiamento para o ACNUR está severamente aquém do necessário para apoiar os retornos projetados.

No cenário internacional, o Presidente interino Ahmed al-Sharaa tem atuado diplomaticamente, tendo sido recebido pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, em novembro de 2025, o que resultou na suspensão temporária de sanções americanas impostas ao regime anterior. A Turquia, por sua vez, reafirmou o seu apoio à frágil transição síria, reconhecendo os desafios enfrentados pelo novo governo sob a liderança de Al-Sharaa. Observadores apontam que a própria sobrevivência do Estado sírio, apesar das profundas divisões, é considerada um "milagre", sublinhando a fragilidade inerente ao processo de reconstrução nacional.

12 Visualizações

Fontes

  • Al Jazeera Online

  • The New York Times

  • Al Jazeera

  • Wikipedia

  • The New Arab

  • The Times of Israel

  • PeaceRep

  • Human Rights Watch

  • The Guardian

  • Reuters

  • UN News

  • House of Commons Library

  • The New Arab

Encontrou um erro ou imprecisão?

Vamos considerar seus comentários assim que possível.