Colômbia suspende compra de armas dos EUA após descertificação na guerra às drogas
Editado por: Tatyana Hurynovich
O Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou em 15 de setembro de 2025 a suspensão da compra de armamento proveniente dos Estados Unidos. Esta decisão surge como resposta direta à descertificação da Colômbia pelos EUA em sua guerra contra o narcotráfico, uma classificação que coloca o país em uma categoria similar a nações como Venezuela, Afeganistão, Birmânia e Bolívia, indicando uma "falha demonstrável" em cumprir obrigações internacionais de controle de drogas nos últimos doze meses.
Petro declarou enfaticamente que a dependência do Exército colombiano e das Forças Militares do armamento dos Estados Unidos chegou ao fim, afirmando que a soberania nacional seria fortalecida se o exército pudesse adquirir ou fabricar seu próprio armamento, utilizando recursos próprios. Ele argumentou que a política antidrogas dos EUA tem sido ineficaz ao longo de décadas.
Os dados apresentados pelo Ministro da Defesa sublinham o empenho colombiano no combate ao narcotráfico, com 11.000 hectares de cultivos de coca já erradicados e substituídos por economias legais, e uma meta de erradicar 30.000 hectares. Além disso, mais de 700 toneladas de cocaína foram apreendidas este ano, impedindo que mais de 450 milhões de doses chegassem aos mercados consumidores, e a infraestrutura do tráfico de drogas é desmantelada a cada 40 minutos, um aumento de 24% em relação a 2024.
Apesar desses esforços, os Estados Unidos citaram o crescimento recorde dos cultivos de coca e da produção de cocaína sob a administração Petro, bem como tentativas falhas de acordos com grupos narcoterroristas como razões para a descertificação. A Colômbia já passou por um processo similar em 1996 e 1997, durante o governo de Ernesto Samper.
A decisão atual, embora acompanhada de um "waiver" (isenção) que permite a continuidade da cooperação por ser considerada vital para os interesses nacionais dos EUA, representa um forte sinal político e reputacional para o país. Analistas e setores empresariais expressaram preocupação com os potenciais impactos econômicos, incluindo a perda de confiança de investidores estrangeiros e o abalo no comércio bilateral.
A indústria militar colombiana, como a Indumil, que já exporta armamentos testados em combate e desenvolve produtos próprios como a pistola Córdova, pode encontrar novas oportunidades para suprir as necessidades das Forças Armadas, buscando diversificar suas fontes de aquisição para além dos Estados Unidos. A Indumil já exporta armas para 17 países, incluindo os Estados Unidos.
A relação entre Colômbia e Estados Unidos na luta antidrogas é histórica e complexa, marcada por programas como o Plano Colômbia, iniciado no final dos anos 90. A descertificação atual, mesmo com o waiver, pode levar a um escrutínio internacional mais rigoroso e à necessidade de demonstração de resultados concretos em curto prazo. Essa decisão de suspender as compras de armas dos EUA, embora uma resposta direta a uma avaliação externa, pode ser vista como um passo em direção à consolidação da soberania e à redefinição da política de defesa colombiana.
Fontes
Cadena 3 Argentina
Caracol Radio
W Radio
Infobae
El Universal
Caracol Radio
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