Gengibre: Da Pungência Culinária à Ciência dos Compostos Bioativos

Editado por: Olga Samsonova

A combinação de bacon, tâmaras e massa folhada exemplifica um aperitivo de rápida aceitação global, evidenciando a maleabilidade de sabores simples. Em contraste, no universo das sopas, o creme de abóbora com a presença marcante do gengibre fresco constitui um prato reconfortante predileto em climas frios, associado a calor e aroma.

O gengibre, um rizoma da mesma família botânica da cúrcuma, deve seu sabor picante a compostos bioativos essenciais, notadamente o gingerol. Este ingrediente é fundamental nas tradições gastronômicas do Japão, China e Índia. A ciência da nutrição atual valida os usos históricos do rizoma, com pesquisas indicando seu papel na modulação de processos inflamatórios, no suporte à função digestiva e em sua elevada atividade antioxidante.

O gingerol, um dos principais constituintes, é reconhecido por inibir vias inflamatórias como a COX-1 e COX-2, um mecanismo de ação que se assemelha ao de alguns anti-inflamatórios não esteroides, conforme demonstrado em revisões clínicas. Além disso, o rizoma, consumível fresco, seco ou em óleo, contém outros compostos como o shogaol, que intensifica sua pungência após processamento térmico, e a zingerona, contribuindo para seu perfil terapêutico integral.

Estudos científicos recentes aprofundam a compreensão sobre a ação do gengibre, destacando sua atividade antibacteriana contra patógenos como a E. coli, um achado relevante para a segurança alimentar. Há também evidências emergentes sobre seu potencial neuroprotetor, com investigações apontando para uma possível função na proteção de células cerebrais e na mitigação do risco de condições neurodegenerativas, como o Alzheimer.

Na medicina tradicional, como na Ayurveda indiana, o gengibre é um elemento central há séculos, empregado tanto como tempero quanto como agente para aliviar náuseas e problemas digestivos. O impacto do rizoma estende-se ao sistema metabólico, com avaliações sugerindo um efeito benéfico na regulação da glicose sanguínea. Uma análise de 2019 de diversas pesquisas indicou que pacientes com diabetes tipo 2 que consumiram gengibre apresentaram melhora significativa nos níveis de HbA1c (hemoglobina glicada), sinalizando um impacto positivo no controle glicêmico a longo prazo.

Adicionalmente, o gengibre tem sido investigado por sua eficácia no alívio de cólicas menstruais e dor muscular, com compostos como o cineol e o borneal auxiliando em sua ação analgésica. A projeção de mercado global para o gengibre refletia seu interesse crescente no suporte imunológico, com previsões de valorização para US$ 4,18 bilhões em 2022. No contexto da saúde pública brasileira, o gengibre figura como uma opção terapêutica promissora na ReniSUS (Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde), embora sua aplicação dependa de capacitação profissional e atenção ao processamento.

A versatilidade do rizoma permite seu uso em diversas preparações, desde infusões rápidas — onde se recomenda um preparo de 3 a 5 minutos para preservar compostos ativos — até sua incorporação em pratos salgados, sobremesas e bebidas como o ginger ale. A exploração de especiarias como o gengibre oferece uma conexão com a história das rotas comerciais e trocas culturais que definiram a gastronomia mundial, abrangendo desde a culinária japonesa até tradições asiáticas de sabores mais robustos.

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Fontes

  • eldiario.es

  • elDiario.es

  • elDiario.es

  • Infobae

  • Blog Atida

  • 7 Días de Sabor

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