Descoberta de Filamento Galáctico Espiral Gigante, com 50 Milhões de Anos-Luz de Extensão, Revela Mistérios Cósmicos

Editado por: Uliana S.

Seu comprimento é de pelo menos 49 milhões de anos-luz, tornando-o o filamento giratório mais longo já observado no Universo — um colossal filamento em turbilhão da teia cósmica.

Uma equipe internacional de pesquisadores, sob a liderança da Universidade de Oxford, anunciou em dezembro de 2025 a identificação de uma estrutura giratória de proporções colossais na teia cósmica. Esta formação notável consiste em um filamento ultradelgado de galáxias, estendendo-se por cerca de 50 milhões de anos-luz, que exibe um movimento de rotação em torno de seu próprio eixo. Tal característica o estabelece como um dos maiores sistemas rotativos já confirmados no Universo. Este “espiral cósmico” recém-descoberto está situado a aproximadamente 140 milhões de anos-luz da Terra, o que corresponde a um redshift (desvio para o vermelho) de z=0.032.

A revelação foi possível graças à análise de dados coletados pelo radiotelescópio MeerKAT, localizado na África do Sul, como parte do levantamento profundo MIGHTEE. Este projeto visa mapear a emissão de rádio do hidrogênio neutro. O Professor de Astrofísica Matt Jarvis, da Universidade de Oxford, coordenou o MIGHTEE (MeerKAT International GHz Tiered Extragalactic Exploration). Para delinear completamente a estrutura, os cientistas também integraram dados de observações ópticas obtidas pelo Instrumento de Espectroscopia de Energia Escura (DESI) e pelo Sloan Digital Sky Survey (SDSS). A investigação identificou 14 galáxias ricas em hidrogênio alinhadas ao longo deste filamento, que, por sua vez, faz parte de um complexo maior que abriga mais de 280 galáxias.

O filamento exibe uma rotação estrutural evidente: as galáxias em um lado do eixo movem-se em direção à Terra, enquanto as do lado oposto se afastam. A velocidade de rotação calculada é de cerca de 110 quilômetros por segundo, o que implica um período de aproximadamente 2,8 bilhões de anos para completar uma volta inteira. O Professor Matt Jarvis enfatizou que a fusão de dados provenientes de diversas plataformas de observação é fundamental para aprofundar a compreensão sobre como as estruturas de grande escala e as galáxias se formam. A coautora principal, Dra. Lihua Jung, ressaltou a singularidade da estrutura, onde o alinhamento do spin se combina com o movimento rotacional, comparando a sensação à de um brinquedo de parque de diversões, como o “carrossel de xícaras”.

Este movimento duplo oferece informações valiosas sobre como as galáxias adquirem seu momento angular a partir dos sistemas maiores nos quais estão inseridas. A Dra. Madalina Tudoraque, da Universidade de Cambridge e Oxford, descreveu o filamento como um “registro fóssil de fluxos cósmicos”, auxiliando na reconstrução de como as galáxias acumulam seu spin e evoluem ao longo do tempo. A presença de galáxias ricas em hidrogênio também serve como um excelente marcador para o fluxo de gás ao longo dos filamentos cósmicos, revelando como o momento angular é transferido através da teia, influenciando a morfologia, o spin e a formação estelar das galáxias.

A Teoria Dominante do Momento de Maré (TMM) postula que o momento angular é gerado pelas forças de cisalhamento do fluxo de matéria em grande escala. Contudo, o estudo revelou que os eixos de spin de quase todas as galáxias neste filamento são paralelos à estrutura, um alinhamento muito mais coerente do que o previsto pelos modelos cosmológicos atuais. Isso sugere que a influência do ambiente cósmico sobre o spin galáctico é mais intensa e duradoura do que se supunha. Além disso, as galáxias no filamento possuem quantidades incomumente elevadas de hidrogênio, um forte indicativo de que o filamento é jovem e não sofreu fusões ou colisões significativas recentemente.

Os cientistas classificam este sistema como um “modelo de fluxo fossilizado”, um vestígio da época inicial do Universo em que tais estruturas maciças estavam se consolidando. Esta descoberta fornece novas evidências sobre a distribuição de matéria e momento angular no cosmos, forçando uma reavaliação dos modelos cosmológicos vigentes. Caso estruturas altamente orientadas como esta sejam comuns, isso poderá impactar a análise de futuros experimentos de lente gravitacional, como as missões Euclid da Agência Espacial Europeia (ESA) ou o Observatório Vera C. Rubin no Chile. Em última análise, esta descoberta pode ser a chave para desvendar a origem da rotação das galáxias e do momento angular primordial do Universo.

9 Visualizações

Fontes

  • futurezone.de

  • phys.org

  • Royal Astronomical Society

  • Space Daily

  • Live Science

  • Oxford Academic

Encontrou um erro ou imprecisão?

Vamos considerar seus comentários assim que possível.