A Comissão Europeia apresentou uma proposta significativa para suspender parcialmente o acordo comercial que rege as relações entre a União Europeia e Israel. Esta iniciativa, que prevê a aplicação de tarifas sobre cerca de 37% dos bens exportados por Israel para o mercado europeu, é uma resposta direta ao conflito em curso em Gaza e ao elevado número de vítimas. Estima-se que esta mudança possa resultar num aumento de aproximadamente 227 milhões de euros em tarifas anuais para os exportadores israelitas.
O Acordo de Associação UE-Israel, formalizado em junho de 2000, constitui a base das relações comerciais, visando uma zona de livre comércio e maior liberalização no setor agrícola. Este pacto, que sucedeu a um acordo de cooperação de 1975, é fundamental para a integração económica de Israel na Europa. O volume total do comércio bilateral entre a UE e Israel ascende a cerca de 42,6 mil milhões de euros por ano, com a UE a ser o principal parceiro comercial de Israel.
Paralelamente à potencial suspensão comercial, a Comissão Europeia propõe sanções específicas contra os ministros israelitas Bezalel Smotrich e Itamar Ben-Gvir, alegando incitamento à violência. O pacote de medidas inclui ainda sanções contra colonos envolvidos em atos de violência e dez membros do Hamas. A iniciativa abrange também a suspensão da cooperação institucional e de projetos europeus em Israel, com um impacto estimado de cerca de 14 milhões de euros em investimentos. No entanto, o apoio financeiro destinado à sociedade civil israelita e ao memorial Yad Vashem permanecerá inalterado.
A base para estas ações reside na escalada da violência em Gaza, na agravação da crise humanitária e na expansão dos colonatos israelitas na Cisjordânia. A Comissão fundamenta a sua decisão na alegada violação, por parte de Israel, das cláusulas de direitos humanos contidas no Acordo de Associação. A concretização destas propostas depende da aprovação dos Estados-membros, sendo que a suspensão das disposições comerciais requer uma maioria qualificada, enquanto as sanções direcionadas a indivíduos necessitam de aprovação unânime. A hesitação de alguns países, como a Alemanha, poderá complicar a ratificação.
A União Europeia reitera o seu compromisso com a promoção da paz e o apoio a iniciativas que visam fortalecer os laços entre as sociedades israelita e palestiniana. Estas ações refletem a tentativa da UE de exercer a sua influência para mitigar a crise em Gaza e fomentar um desfecho mais estável.