Em setembro de 2025, o cenário geopolítico global testemunha um avanço significativo no reconhecimento internacional do Estado da Palestina, com 147 dos 193 Estados-membros da ONU já expressando apoio à sua soberania. Este movimento diplomático, com raízes na Declaração de Independência da Palestina de 1988, intensifica as discussões sobre a solução de dois Estados.
A jornada da Palestina na ONU começou em 1947 com a resolução de partilha. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) obteve o estatuto de observador em 1974, um passo crucial antes da declaração de independência e do reconhecimento por mais de 80 países até o final de 1988. Em 2012, a Palestina alcançou o status de Estado observador não membro, permitindo uma participação mais ativa nas deliberações globais.
O ano de 2024 foi um ponto de viragem. Em maio, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução concedendo direitos adicionais à Palestina, incluindo a possibilidade de apresentar propostas e fazer declarações, com apoio de 143 países. A decisão também instou o Conselho de Segurança a reconsiderar o pedido de adesão plena da Palestina à ONU. Em setembro de 2024, uma nova resolução, aprovada por 124 votos, exigiu o fim da "presença ilegal" de Israel nos territórios palestinos ocupados em 12 meses, baseada em parecer consultivo da Corte Internacional de Justiça que declarou a ocupação israelense ilícita.
O impulso para o reconhecimento internacional ganhou força com a anunciada intenção de países ocidentais, como França, Reino Unido, Canadá e Austrália, de reconhecerem formalmente o Estado da Palestina em setembro de 2025. O Canadá, por exemplo, condicionou este reconhecimento a reformas democráticas e à realização de eleições em 2026, sem a participação do Hamas. Essas ações refletem uma crescente insatisfação com a condução do conflito e a crise humanitária em Gaza.
A busca pela solução de dois Estados, prevendo a coexistência pacífica de Israel e um Estado palestino independente, continua sendo o foco central dos esforços diplomáticos. Uma conferência internacional sobre o tema, copresidida pela França e Arábia Saudita, está agendada para junho de 2025 em Nova York, com o objetivo de traçar um caminho irreversível para a paz. A comunidade internacional, incluindo o G20, reitera a unanimidade em torno da solução de dois Estados como o único caminho viável para a paz duradoura na região.
Enquanto a diplomacia avança, a situação em Gaza permanece crítica, com apelos internacionais por um cessar-fogo e alívio da catástrofe humanitária. O reconhecimento de um Estado palestino é visto por muitos como um passo essencial para impulsionar o processo de paz e garantir a justiça histórica para o povo palestino, apesar da oposição de Israel e de alguns de seus aliados, que consideram tais gestos uma recompensa ao Hamas e um obstáculo às negociações.