Milhares de brasileiros saíram às ruas em diversas cidades no dia 21 de setembro de 2025 para protestar contra propostas legislativas consideradas um retrocesso à justiça e à democracia. O foco principal dos manifestantes foi a "Lei dos Bandidos" (PEC da Blindagem), que visa ampliar a imunidade parlamentar, e um projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, que poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro.
As manifestações ocorreram em mais de uma dúzia de cidades, com grande adesão no Rio de Janeiro, onde a praia de Copacabana reuniu milhares de pessoas, incluindo artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque. Em Brasília, a Esplanada dos Ministérios e as imediações do Congresso Nacional foram palco de protestos e discursos. Os manifestantes expressaram sua insatisfação com slogans como "Sem anistia" e críticas diretas a políticos envolvidos na tramitação das propostas.
A "Lei dos Bandidos", aprovada pela Câmara dos Deputados em 16 de setembro de 2025, é vista pelos críticos como um mecanismo para proteger legisladores de investigações, exigindo autorização prévia da maioria absoluta do Senado ou da Câmara para a abertura de ações penais. Paralelamente, a urgência para a votação de um projeto de lei de anistia para os condenados pelos eventos de 8 de janeiro de 2023 avançou no Congresso, com a aprovação da urgência em 17 de setembro de 2025, gerando apreensão sobre a impunidade.
O contexto desses movimentos legislativos é a recente condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 11 de setembro de 2025, a uma pena de 27 anos e três meses de prisão por sua participação em uma trama para anular as eleições de 2022. A condenação, que incluiu planos para dissolver tribunais e assassinar o presidente eleito, intensificou o debate sobre responsabilização e a salvaguarda das instituições democráticas.
As diferentes visões sobre as propostas refletem a polarização política no país. Enquanto críticos e manifestantes argumentam que a "Lei dos Bandidos" protege criminosos, o presidente da Câmara, Arthur Lira (embora o texto original mencione Hugo Motta, a busca indica Arthur Lira como presidente da Câmara), defende a medida como proteção contra abusos judiciais. O Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, expressou preocupação com a possível infiltração do crime organizado no parlamento. O Presidente Lula comprometeu-se a vetar a lei de anistia, mas classificou a "Lei dos Bandidos" como não sendo uma questão séria para os legisladores. Senadores como Alessandro Vieira manifestaram intenção de solicitar a rejeição da "Lei dos Bandidos" no Senado, em contraste com a posição do Senador Flávio Bolsonaro, que defende a aprovação da anistia como forma de "virar a página da história".
Pesquisas de opinião pública realizadas em setembro de 2025 indicam uma divisão na sociedade brasileira. Um levantamento da Genial/Quaest apontou que 41% dos brasileiros são contra qualquer tipo de anistia, enquanto 36% apoiam a medida, inclusive para Bolsonaro. Outros 10% são a favor da anistia apenas para os manifestantes de 8 de janeiro. Essa divisão sublinha a complexidade do momento político e a busca por um equilíbrio entre a aplicação da lei e a pacificação social, com a maioria dos eleitores, incluindo grupos lulistas e de esquerda não lulista, demonstrando rejeição à anistia ampla. A polarização é evidente, com o Sul e Centro-Oeste apresentando maior apoio à anistia, enquanto o Nordeste lidera a rejeição.
Esses eventos destacam uma profunda preocupação cívica com a integridade das instituições e a manutenção do Estado de Direito. A mobilização popular, impulsionada por artistas e movimentos sociais, sinaliza um desejo coletivo por transparência e responsabilidade no cenário político, encarando os debates legislativos como oportunidades para reafirmar os valores democráticos e a importância da justiça para a estabilidade social.