Dezenas de milhares de pessoas convergiram para Ancara em 14 de setembro de 2025, em um protesto contra o que consideram ser uma perseguição judicial orquestrada contra o principal partido de oposição da Turquia, o Partido Popular Republicano (CHP). A manifestação ocorreu na véspera de uma decisão judicial crucial que poderia invalidar o congresso do partido de 2023, que elegeu Özgür Özel como líder, e potencialmente desestabilizar a liderança da oposição.
O protesto, realizado na Praça Tandoğan, foi marcado por cânticos de "Fora, Erdoğan" e pela exibição de bandeiras turcas e do CHP, sinalizando um forte descontentamento público com as ações do governo. Özgür Özel, líder do CHP, discursou para a multidão, acusando o governo de minar as normas democráticas e reprimir a dissidência, especialmente após as recentes vitórias eleitorais locais do CHP. Ele declarou que o caso judicial é uma tentativa política de desmantelar a oposição legítima, comparando-o a um "golpe contra o futuro presidente e o futuro governo".
A resposta da multidão, que incluiu gritos de "Presidente İmamoğlu", refletiu o apoio ao prefeito de Istambul, Ekrem İmamoğlu, cuja carta lida no evento também criticou as manobras judiciais como uma tentativa de predeterminar resultados eleitorais. Este levante popular surge em meio a um ano de crescente pressão sobre o CHP, que viu mais de 500 membros detidos, incluindo 17 prefeitos de municípios administrados pelo partido. A detenção de Ekrem İmamoğlu em 19 de março de 2025, que desencadeou protestos massivos, é vista como parte de uma estratégia governamental mais ampla para enfraquecer a oposição.
O governo, por sua vez, defende a independência do judiciário e nega quaisquer motivações políticas, afirmando que as investigações visam combater a corrupção. A decisão judicial esperada para 15 de setembro de 2025, que pode anular o congresso do CHP de 2023, tem implicações significativas para o cenário político turco. Analistas apontam que tal decisão poderia não apenas alterar a liderança do CHP, mas também afetar a confiança dos investidores e o cronograma das eleições gerais de 2028.
A situação reflete uma profunda polarização política na Turquia, onde a oposição alega um cerco judicial, enquanto o governo insiste na legalidade de suas ações. A resiliência demonstrada pelos milhares de manifestantes em Ancara sublinha a determinação da oposição em resistir a essas pressões, buscando fortalecer o espaço democrático no país.