Sabah, Malásia, inaugurou o primeiro Jardim Botânico de Níquel do mundo, um marco de um hectare dedicado à preservação e estudo de plantas hiperacumuladoras de níquel. Localizado na Subestação Monggis Ranau, próximo a Kota Kinabalu e dentro do Parque Kinabalu, Patrimônio Mundial da UNESCO, o jardim abriga 12 espécies raras, incluindo variedades de Phyllanthus e Glochidion, além de espécies de Rinorea.
Estas plantas possuem a notável capacidade de absorver e concentrar níquel do solo, demonstrando um potencial significativo para a gestão ambiental, especialmente em solos ricos neste metal. A hiperacumulação, um processo natural de absorção de elementos metálicos, oferece promessas para a fitorremediação, técnica que utiliza organismos vivos para limpar ambientes contaminados. Pesquisas indicam que plantas hiperacumuladoras podem extrair até 15% de concentrado de metais pesados, superando a mineração convencional em eficiência.
A fitomineria, que utiliza plantas para extrair metais, é vista como uma tecnologia verde e sustentável para a produção de níquel. Estabelecido oficialmente como arboreto em 2014, o jardim desempenha funções cruciais em pesquisa científica, conservação, educação e promoção da diversidade botânica. Uma das espécies em destaque, a Xylosma luzonensis, mostra potencial em paisagismo e controle da erosão em ambientes ultramáficos, com esforços de conservação em andamento para protegê-la.
Recentemente, no Borneo Flora Festival em Labuan, a Rainha da Malásia, Raja Zarith Sofiah, testemunhou a demonstração da presença de níquel nas folhas da Xylosma luzonensis, que mudaram de cor para rosa ao contato com um papel especial. Esta iniciativa reforça o compromisso do jardim com a educação pública e a conscientização sobre estas espécies botânicas extraordinárias.
O potencial das plantas hiperacumuladoras expande-se para a agromineria, alinhando a extração de metais com práticas agrícolas sustentáveis e a economia circular. Pesquisadores exploram a identificação de espécies adaptadas a climas locais para a recuperação de solos afetados pelo uso excessivo de fertilizantes e para a extração de metais de alto valor comercial. Sabah, com suas 28 espécies nativas de plantas hiperacumuladoras de níquel, posiciona-se como um centro global para este campo de estudo.
A pesquisa contínua visa expandir o uso da fitorremediação, uma técnica que se destaca pelo custo reduzido e baixo impacto ambiental em comparação com métodos convencionais. A capacidade dessas plantas de absorver metais pesados, como o níquel, oferece uma perspectiva promissora para a remediação de solos contaminados e a recuperação de áreas degradadas, transformando desafios ambientais em oportunidades de inovação e sustentabilidade.