A chegada de um filhote em casa é frequentemente vista como uma fonte de pura felicidade e conforto, especialmente para as crianças. Um estudo recente do Royal Veterinary College, em Londres, confirma que esses novos membros da família trazem consigo uma onda de alegria e companheirismo. As crianças, em particular, valorizam a proximidade física com os filhotes, buscando abraços, carinhos e momentos de brincadeira compartilhada. Essa conexão profunda pode ser um catalisador para o bem-estar emocional, auxiliando no desenvolvimento da empatia e da capacidade de cuidar de outros seres.
No entanto, a pesquisa também lança luz sobre a complexidade que acompanha a experiência de ter um filhote. Mais de um terço dos cuidadores principais, na maioria mulheres, relataram que a vivência foi mais desafiadora do que o esperado. Para muitos donos de primeira viagem, a interação entre crianças e cães apresentou dificuldades inesperadas. A negociação de responsabilidades, o estabelecimento de rotinas consistentes e a gestão de comportamentos típicos de filhotes, como a busca incessante por atenção ou brincadeiras mais agitadas, podem gerar um nível considerável de estresse.
Um achado notável do estudo é a distribuição desigual das tarefas de cuidado com o filhote. Quase todos os cuidadores principais identificados na pesquisa eram mulheres, com muitas mães sentindo-se sobrecarregadas pelo trabalho envolvido. Pais que esperavam que um filhote simplificasse sua rotina descobriram, na verdade, que ele frequentemente criava um esforço e estresse adicionais. A pesquisa do Royal Veterinary College indicou que a responsabilidade pelo cuidado do cão tende a recair sobre as mães, que descreveram sentir-se sobrecarregadas ao tentar conciliar as necessidades do cão, da família e do trabalho.
Além disso, o estudo aponta para um risco significativo nas interações entre crianças e filhotes. Quase todas as crianças pesquisadas interagiram com os filhotes de maneiras que aumentavam o risco de mordidas, como abraços apertados ou contato físico intenso ao buscar conforto. Cães que se sentem sobrecarregados ou inseguros podem reagir defensivamente, mordendo para escapar de uma situação desconfortável. Isso sublinha a importância crucial de ensinar às crianças diretrizes de interação segura e de supervisionar atentamente seus encontros com cães. Os pesquisadores enfatizam que a aquisição de um filhote não deve ser motivada unicamente por benefícios de saúde mental. É fundamental que as famílias discutam abertamente como as responsabilidades de cuidado serão compartilhadas, quais são as necessidades do cão e quais recursos de treinamento estão disponíveis antes de trazer um novo animal para casa.
Estabelecer limites claros e manter a supervisão, especialmente nos primeiros meses, é altamente recomendado. Compreender que cada membro da família pode desenvolver um vínculo diferente com o cão pode ajudar a prevenir conflitos e frustrações, promovendo um ambiente mais harmonioso para todos. A pesquisa revelou que, enquanto os cães proporcionam alegria e conforto às crianças, as famílias podem enfrentar dificuldades em gerenciar o comportamento do filhote e em estabelecer limites seguros para as interações. A carga mental de gerenciar os cuidados com o cão, juntamente com as responsabilidades familiares e de trabalho, foi descrita como significativa pelas mães, especialmente durante os estágios iniciais da vida do filhote. Essa realidade destaca a necessidade de uma abordagem mais consciente e preparada ao integrar um novo animal de estimação ao núcleo familiar, garantindo que os benefícios emocionais sejam maximizados enquanto os desafios são gerenciados de forma eficaz.