A recente e significativa expansão da presença militar dos Estados Unidos no Caribe, com foco na antiga base naval de Roosevelt Roads em Porto Rico (agora Aeroporto José Aponte de la Torre), elevou as tensões regionais, particularmente em relação à Venezuela. A mobilização inclui aeronaves de combate F-35B, helicópteros, aeronaves V-22 Osprey, destróieres, navios anfíbios e um submarino nuclear, com mais de 4.500 militares destacados na área. Esta operação, embora oficialmente justificada como um combate ao narcotráfico, é amplamente vista como uma estratégia para aumentar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro na Venezuela.
A resposta venezuelana não se fez esperar. O Presidente Nicolás Maduro convocou mais de quatro milhões de membros da Milícia Nacional Bolivariana, instruindo-os a estarem "armados e prontos" para defender a soberania e a paz do país. Essa mobilização civil-militar em larga escala reflete a percepção venezuelana de que as ações dos EUA representam uma ameaça direta à sua integridade territorial. Relatos indicam que aeronaves de combate venezuelanas chegaram a confrontar um navio de guerra dos EUA em águas internacionais, um incidente que sublinha a delicada conjuntura e o potencial de escalada.
Historicamente, a presença militar dos EUA no Caribe tem sido uma constante, com intervenções e operações que remontam ao final do século XIX e início do século XX, conhecidas como as "Banana Wars", visando proteger interesses americanos e manter a estabilidade regional sob a Doutrina Monroe. No entanto, a magnitude e a natureza da atual mobilização, que inclui capacidades de guerra eletrônica e drones, sinalizam uma nova fase nas relações de poder na região. A Venezuela, por sua vez, tem acusado os EUA de uma "guerra não declarada" e de buscar uma mudança de regime, com o Ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, descrevendo a voz dos EUA como "ameaçadora e vulgar".
A comunidade internacional observa atentamente, ciente de que qualquer deslize pode desencadear uma crise hemisférica. A situação é complexa, com alegações de narcotráfico por parte dos EUA contrastando com a visão venezuelana de agressão imperialista. A escalada de tensões, com ataques a embarcações venezuelanas que resultaram em mortes, levanta questões sobre o devido processo legal e as proporções da resposta americana. A retórica de ambos os lados, incluindo ameaças de "preços incalculáveis" por parte dos EUA caso a Venezuela não aceite de volta migrantes, adiciona uma camada de imprevisibilidade a este cenário já volátil. A situação econômica de comunidades pesqueiras venezuelanas também tem sido afetada, com receios de que as operações militares possam prejudicar o sustento local.