Xangai está a impulsionar uma transformação significativa ao acelerar a integração da Inteligência Artificial (IA) com o setor manufatureiro, visando consolidar-se como líder global em manufatura inteligente. Este movimento estratégico, detalhado num plano de implementação lançado em 19 de agosto de 2025, visa catalisar uma nova era de industrialização, elevar a produtividade e fortalecer a posição da China no cenário mundial.
O plano, divulgado conjuntamente pela Comissão Municipal de Economia e Informatização de Xangai, pela Comissão Municipal de Desenvolvimento e Reforma e pela Comissão de Supervisão e Administração de Ativos Estatais de Xangai, estabelece metas ambiciosas para os próximos três anos. Entre os objetivos principais estão a adoção de aplicações inteligentes por 3.000 empresas manufatureiras, o desenvolvimento de 10 modelos de referência setorial e 100 produtos inteligentes de ponta, além da promoção de 100 cenários de aplicação demonstrativos. Esta iniciativa reflete uma visão nacional mais ampla de transição de "Made in China" para "Inteligente Made in China", alinhada com a estratégia nacional de IA que prioriza a autossuficiência e a inovação em setores críticos.
Xie Haiqiu, Vice-Diretor Geral da plataforma de Internet Industrial COSMOPlat da Haier Group, destaca as oportunidades cruciais que este plano oferece às empresas. Estas incluem o desenvolvimento de novas fábricas "IA + Manufatura", integrando tecnologias avançadas para linhas de produção mais eficientes e modelos de produção inovadores. Além disso, as empresas são incentivadas a aprimorar a inteligência dos seus produtos e a fortalecer toda a cadeia de valor através da integração de IA nas operações diárias, desenvolvendo software, produtos e equipamentos industriais "IA+". A promoção de um ecossistema industrial colaborativo, com o fornecimento de gémeos digitais e agentes inteligentes, é também um pilar fundamental para fomentar o desenvolvimento conjunto.
Xie Wei, Vice-Presidente do Instituto de Pesquisa de Inteligência Artificial de Xangai, sublinha as vantagens inerentes da cidade como centro de inovação científica e tecnológica. Xangai já detém uma posição de liderança em setores como aeroespacial, aviação e construção naval, e possui fortes capacidades de pesquisa em IA, um vasto conjunto de talentos e instituições de ponta. Estes fatores criam um ambiente propício para inovações em larga escala e o estabelecimento de demonstrações nacionais. A cidade já registou quase 100 modelos de grande escala e as suas plataformas de internet industrial conectam mais de 16 milhões de dispositivos, com uma densidade de estações base 5G que lidera o país, evidenciando a sua infraestrutura robusta.
No entanto, a concretização destas metas apresenta desafios. Duan Mu Haiying, Diretor do Centro de Promoção da Indústria Aeroespacial de Xangai, aponta para a necessidade de desenvolver produtos e soluções práticos e escaláveis, bem como de um ecossistema de manufatura inteligente sustentável, que exigirá um grande número de profissionais com dupla especialização em IA e manufatura. Questões como a interconexão de equipamentos, a padronização de dados e a gestão de informações não estruturadas também precisam de ser abordadas, com um foco particular em como desenvolver soluções "IA+" economicamente viáveis para pequenas e médias empresas. A superação destes obstáculos é vista como um passo essencial para transformar a China de um grande país manufatureiro numa potência de manufatura inteligente.
Especialistas observam que esta iniciativa em Xangai não só impulsionará a produtividade e a inovação local, mas também servirá como um modelo replicável para a transformação digital da indústria manufatureira nacional. A integração da IA promete otimizar processos, reduzir custos operacionais e melhorar a qualidade do produto, contribuindo para a competitividade global da China. O plano de Xangai, ao focar em dados, modelos e cenários de aplicação em circuito fechado, visa avançar a indústria de funções inteligentes isoladas para uma manufatura inteligente de cadeia completa, estabelecendo um novo padrão de referência mundial.