A recente Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCS), realizada em Tianjin, China, de 31 de agosto a 1º de setembro de 2025, ressoou com um forte apelo por uma governança global mais equitativa, desafiando a hegemonia existente e promovendo ativamente uma ordem mundial multipolar.
Líderes de nações membros, incluindo o Presidente chinês Xi Jinping e o Presidente russo Vladimir Putin, expressaram um consenso sobre a necessidade de reformar as estruturas de governança internacional para refletir melhor as realidades globais contemporâneas. O Presidente Xi Jinping criticou veementemente a "mentalidade da Guerra Fria" e os "atos de bullying", aludindo implicitamente às ações dos Estados Unidos, e defendeu um novo modelo de multilateralismo fundamentado no "espírito de Xangai". Este espírito, caracterizado por confiança mútua, benefício mútuo e respeito pela diversidade cultural, tem sido um pilar para a organização desde sua fundação em 2001.
O Presidente Putin endossou a iniciativa de Xi, destacando a relevância de um sistema de governança global mais eficaz diante das tentativas de algumas potências de impor uma "ditadura em assuntos internacionais". A cúpula também marcou uma expansão significativa do mandato da OCS. A organização aprovou uma estratégia decenal que vai além de seu foco original em questões de segurança regional, abrangendo agora parcerias estratégicas em esferas econômica, tecnológica e social. Essa ampliação reflete a ambição da OCS de se posicionar como uma plataforma abrangente para a cooperação e o desenvolvimento entre seus membros, que representam quase metade da população mundial e um quarto da economia global.
A proposta de um Banco de Desenvolvimento da OCS, com o objetivo de reduzir a dependência de transações em dólares e sistemas financeiros ocidentais, exemplifica essa nova direção. Paralelamente à cúpula da OCS, o 10º Fórum Econômico Oriental (FEO) em Vladivostok, Rússia, de 3 a 6 de setembro de 2025, sob o tema "O Extremo Oriente: Cooperação para a Paz e a Prosperidade", reforçou a narrativa de uma crescente colaboração regional e de caminhos alternativos de desenvolvimento.
O FEO, que contou com a participação de líderes como o Primeiro-Ministro da Mongólia e representantes da China, destacou a importância do desenvolvimento de infraestrutura, parcerias energéticas e cooperação agrícola, com um foco particular no corredor marítimo Vladivostok-Chennai entre Rússia e Índia. A convergência de discussões em Tianjin e Vladivostok sinaliza uma mudança geopolítica em andamento, com a China e a Rússia liderando um movimento em direção a uma ordem mundial multipolar.
A expansão do escopo da OCS e a ênfase em parcerias econômicas e tecnológicas demonstram um esforço concertado para criar estruturas internacionais alternativas que promovam a soberania, a não interferência e o benefício mútuo. A participação de países como Índia, que busca equilibrar suas relações, e a inclusão de novas nações como Irã e Belarus, ampliam o alcance e a influência da organização. A cúpula da OCS em Tianjin não foi apenas um encontro de líderes, mas um marco na evolução da governança global, com a organização se fortalecendo como um contraponto ao unilateralismo e um promotor de um futuro mais equitativo e cooperativo para todas as nações.