Em uma sessão de emergência em 10 de agosto de 2025, o Conselho de Segurança da ONU debateu o plano do governo israelense para a ocupação permanente da Cidade de Gaza. A proposta gerou preocupações internacionais significativas devido às suas profundas implicações humanitárias e políticas.
O Embaixador Palestino na ONU, Riyad Mansour, apelou à comunidade internacional para que "acabe com o genocídio" em Gaza, acusando Israel de buscar a destruição do povo palestino através da morte e do deslocamento, além da anexação de territórios. Ele destacou o sofrimento de mais de dois milhões de pessoas na Faixa de Gaza, onde a situação humanitária é descrita como catastrófica. Dados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) indicam que, em julho de 2025, quase 12.000 crianças com menos de cinco anos foram identificadas com desnutrição aguda, o número mensal mais alto registrado até então. O diretor de coordenação do OCHA, Ramesh Rajasingham, declarou que "esta não é mais uma crise de fome iminente, é fome, pura e simples". Relatos adicionais do OCHA indicam que 98 crianças morreram de desnutrição aguda desde o início do conflito em outubro de 2023, com 37 dessas mortes ocorrendo desde julho.
Em contrapartida, o Representante-Adjunto de Israel na ONU, Jonathan Miller, negou quaisquer planos de ocupação permanente por parte de Israel. Ele delineou cinco princípios que compõem o plano israelense: desarmar o Hamas, libertar todos os reféns, desmilitarizar Gaza, estabelecer controle de segurança israelense sobre o enclave e criar uma administração civil pacífica que não seja nem o Hamas nem a Autoridade Palestina. A Embaixadora dos EUA no Conselho de Segurança, Dorothy Shea, defendeu o direito de Israel a medidas de segurança e refutou as alegações de genocídio, classificando-as como "categoricamente falsas". No entanto, membros permanentes do Conselho, como Rússia, China, França e Reino Unido, expressaram profunda preocupação, alertando sobre potenciais repercussões regionais, mais deslocamentos, mortes e destruição. A França, em particular, declarou que o plano israelense não contribuirá para a segurança de Israel e representa uma violação do direito internacional.
O histórico do conflito remonta ao final do século XIX, com a criação do Estado de Israel em 1948 e o subsequente deslocamento de cerca de 700.000 palestinos. A retirada unilateral de Israel de Gaza em 2005 e a subsequente tomada de controle pelo Hamas em 2007 levaram a um bloqueio imposto por Israel e Egito, intensificando a crise humanitária. A situação atual, marcada pela escassez de alimentos e pela alta mortalidade infantil devido à desnutrição, sublinha a urgência de uma solução pacífica e sustentável para o conflito. A comunidade internacional, através de declarações de diversos países e organizações, demonstra uma forte oposição a qualquer plano que implique ocupação permanente ou anexação, enfatizando a necessidade de um cessar-fogo imediato e acesso humanitário irrestrito.