EUA Ameaçam Brasil com Sanções em Meio a Julgamento de Bolsonaro

Editado por: Татьяна Гуринович

Especialistas em relações internacionais e política reagiram com veemência a declarações da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, na terça-feira (9), afirmando que o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs tarifas e sanções ao Brasil e não descarta o uso da força militar para proteger a liberdade de expressão. A declaração ocorreu no contexto do julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).

Analistas consideram as palavras da representante americana precipitadas e sem uma estratégia clara. Carlos Poggio, professor de relações internacionais da PUC-SP, descreveu a declaração como "impetuosa" e infundada, sugerindo que a ameaça não deve ser levada a sério. Ele observou que a administração frequentemente usa palavras descuidadas e que Trump frequentemente faz ameaças não cumpridas. Poggio acredita que a declaração de Leavitt foi espontânea e descuidada, sugerindo que ela pode não diferenciar o Brasil da Venezuela, e a classificou como uma "declaração vazia", aconselhando o governo brasileiro a ignorá-la.

O Itamaraty, Ministério das Relações Exteriores do Brasil, emitiu nota oficial repudiando o uso de sanções econômicas ou ameaças militares contra a democracia brasileira, reafirmando que os poderes do Brasil não serão intimidados por tais ataques à soberania nacional. O governo brasileiro, segundo o Itamaraty, repudia a tentativa de forças antidemocráticas de usar governos estrangeiros para coagir instituições nacionais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou que o Brasil não precisa de intervenções estrangeiras ou ameaças à sua soberania, pois é capaz de ser protagonista de suas próprias soluções.

Camila Rocha, Doutora em Ciência Política pela USP e pesquisadora do Cebrap, pediu cautela, afirmando que nada é dito em vão e destacou os recursos estratégicos do Brasil como potenciais pontos de disputa. Ela sugeriu que a retórica sobre liberdade de expressão pode mascarar interesses econômicos e políticos dos EUA no Brasil. O advogado Pierpaolo Cruz Bottini, professor da Faculdade de Direito da USP, chamou a ameaça de força militar de "inexplicável" vinda de uma autoproclamada democracia e afirmou que o Brasil não tem possibilidade legal de ceder a tais pressões, sendo necessária uma solução diplomática.

Gabriel Sampaio, diretor da ONG Conectas, enfatizou a gravidade da declaração, vendo-a como uma tentativa de atacar a independência do judiciário e a soberania do Brasil, indicando uma continuação de delitos relacionados a golpes com colaboração estrangeira. Paulo José Lara, co-diretor executivo da ONG Artigo 19, considerou a ameaça mais um passo nas ações autoritárias da administração Trump para desestabilizar o multilateralismo e a ordem internacional, expressando preocupação com o crescente assédio à região e questionando a legitimidade da justificativa dos EUA em relação à liberdade de expressão, vendo-a como um véu para interesses políticos, econômicos e ideológicos.

As declarações de Karoline Leavitt e as reações subsequentes refletem a crescente tensão nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, particularmente em relação a questões comerciais e de soberania nacional. O presidente Trump, em resposta à crescente probabilidade de uma condenação de Bolsonaro, afirmou que não tem medo de usar o poder econômico e militar dos Estados Unidos para proteger a liberdade de expressão em todo o mundo. O Brasil, por sua vez, condena o uso de sanções econômicas ou ameaças de força contra sua democracia.

Fontes

  • Brasil 247

  • Folha de S. Paulo

  • ISTOÉ Independente

  • Rondônia Dinâmica

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