Vários serviços postais europeus suspenderam o envio de encomendas para os Estados Unidos a partir de 23 de agosto de 2025, antecipando o fim da isenção "de minimis" dos EUA, que permitia a importação de bens até 800 dólares sem impostos. A medida, que entra em vigor a 29 de agosto de 2025, está a gerar incerteza e interrupções no comércio eletrónico global.
A Deutsche Post e a DHL Parcel Germany anunciaram que deixarão de aceitar e transportar encomendas de clientes empresariais para os EUA a partir de 25 de agosto. A PostNord (Suécia-Dinamarca), a Austrian Post e a Poste Italiane implementaram suspensões semelhantes, citando a falta de clareza sobre os novos procedimentos aduaneiros e métodos de cobrança de impostos. A DHL Express, contudo, continua a operar normalmente.
A Associação Europeia de Serviços Postais, PostEurop, expressou preocupação com a falta de clareza nos novos procedimentos aduaneiros dos EUA. A organização destacou que detalhes técnicos essenciais foram divulgados apenas em 15 de agosto, deixando um prazo extremamente curto para adaptação. "Se questões e processos críticos não forem definidos e, portanto, soluções conformes não puderem ser encontradas antes que os regulamentos entrem em vigor em 29 de agosto de 2025, os Membros da PostEurop, em alinhamento com as Autoridades Nacionais competentes, podem ser forçados a restringir ou suspender temporariamente o envio de mercadorias através das redes postais para os EUA", afirmou a PostEurop.
Esta mudança na política dos EUA visa acabar com a isenção de impostos para bens de baixo valor, numa tentativa de reequilibrar a concorrência no comércio eletrónico, que tem sido dominado por grandes players que utilizam a isenção "de minimis". A eliminação desta isenção, que tem sido uma vantagem para retalhistas online e drop shippers, poderá levar a um aumento dos custos para os consumidores e a uma reestruturação das cadeias de abastecimento.
Empresas como a Shein e a Temu, que dependem fortemente deste modelo de envio direto para os consumidores, poderão ser particularmente afetadas, forçando-as a aumentar os preços para compensar os novos encargos alfandegários. As autoridades dos EUA ainda não forneceram detalhes completos sobre como os impostos serão coletados e quais dados adicionais serão necessários, criando desafios significativos para os operadores postais internacionais.
A situação sublinha a interconexão do comércio global e a vulnerabilidade das operações de e-commerce a mudanças regulatórias. A expectativa é que, à medida que as novas regras de alfândega se tornem mais claras, os serviços postais retomem gradualmente as suas operações, embora com potenciais ajustes nos custos e nos prazos de entrega.