Nigéria Concede Asilo a Candidato Presidencial da Guiné-Bissau Após Golpe de Estado

Editado por: Tatyana Hurynovich

O governo da Nigéria, sob a liderança do Presidente Bola Ahmed Tinubu, concedeu formalmente asilo político ao candidato presidencial da Guiné-Bissau, Fernando Dias da Costa. Este ato, de natureza diplomática e humanitária, foi formalizado em 30 de novembro de 2025, nas dependências da embaixada nigeriana em Bissau. A decisão surge como uma resposta direta à derrubada inconstitucional do poder na nação da África Ocidental, ocorrida em 26 de novembro de 2025.

A carta oficial que formaliza a concessão do asilo foi assinada pelo Ministro das Relações Exteriores da Nigéria, Yusuf Tuggar, e serviu como uma medida crucial para garantir a segurança de Dias da Costa. A ameaça à sua integridade física materializou-se após a Junta Militar Suprema tomar o controle do país. Este grupo militar anulou os resultados das eleições presidenciais e legislativas, que estavam agendadas para 23 de novembro de 2025, e depôs o Presidente deposto, Umaro Sissoco Embaló. Fernando Dias da Costa, que concorria como independente e lidera o Partido da Renovação Social (PRS), confirmou que se viu forçado a buscar refúgio devido a temores fundados por sua vida, acusando explicitamente a liderança militar de instaurar um presidente interino de forma ilegítima.

Em comunicação dirigida ao Presidente da Comissão da CEDEAO, Omar Alieu Touray, o Ministro Tuggar enfatizou que a ação nigeriana visa salvaguardar as aspirações democráticas do povo guineense. Em resposta à crise, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) mobilizou imediatamente uma delegação de alto nível para Bissau, com o propósito de dialogar com o novo governo de transição. A reação regional foi célere: a CEDEAO condenou veementemente o golpe e suspendeu a Guiné-Bissau de todos os seus órgãos deliberativos até que a ordem constitucional fosse restaurada. De forma paralela, a União Africana (UA) adotou uma medida semelhante, suspendendo a filiação do país e reafirmando sua política de tolerância zero contra qualquer mudança de governo que não siga os preceitos constitucionais.

O presidente interino autoproclamado, General Horta Inta-A, estabeleceu um prazo máximo de um ano para o período de transição, o qual deverá ser submetido à apreciação da próxima cúpula da CEDEAO, marcada para 14 de dezembro. No âmbito das negociações, houve a libertação de cinco juízes do Ministério da Justiça e de funcionários do Secretariado da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), que haviam sido detidos pelas forças armadas. Contudo, a liderança militar impôs um veto a quaisquer manifestações ou protestos públicos antes da chegada da missão de mediação da CEDEAO, prevista para 1º de dezembro de 2025, alegando a necessidade imperiosa de manter a paz e a estabilidade no território.

O recém-nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, assegurou a continuidade da cooperação com a CEDEAO. O ex-Presidente Embaló, por sua vez, teria deixado o país, segundo relatos da imprensa, e se dirigido à República do Congo. A formação do governo de transição, que inclui o Primeiro-Ministro Ilídio Vieira Te – figura com ligações à campanha eleitoral de Embaló –, sinaliza uma tentativa das novas autoridades de incorporar segmentos da administração anterior na nova estrutura de governança. Este complexo cenário diplomático, no qual a Nigéria oferece proteção a um opositor político do regime deposto, espelha a profunda cisão que se instalou na elite política do país após o pleito controverso de 23 de novembro.

Fontes

  • Deutsche Welle

  • EFE

  • Expresso das Ilhas

  • RTP

  • Santiago Magazine

  • Wikipédia

Encontrou um erro ou imprecisão?

Vamos considerar seus comentários assim que possível.