NASA Confirma 3I/ATLAS como Cometa Interestelar Após Passagem Marciana

Editado por: Velgush Света

A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA) oficializou em 19 de novembro de 2025 a classificação do objeto interestelar 3I/ATLAS como um cometa, encerrando o período de especulação sobre sua origem, que chegou a incluir a possibilidade de ser artificial. O anúncio foi sustentado pela divulgação de novas imagens obtidas por uma rede de instrumentos, notadamente sondas em órbita de Marte, que estabeleceram um consenso científico robusto sobre o corpo cósmico. Este objeto é o terceiro corpo interestelar confirmado a transitar pelo Sistema Solar, seguindo 1I/ʻOumuamua em 2017 e 2I/Borisov em 2019, e representa uma oportunidade singular para o estudo da formação de outros sistemas estelares.

A confirmação da natureza cometária foi endossada por Amit Kshatriya, Administrador Associado da NASA, que declarou que o objeto exibe o comportamento característico de um cometa. O rastro do 3I/ATLAS foi inicialmente traçado em 1 de julho de 2025, quando foi detectado pelo telescópio ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), financiado pela NASA e situado em Río Hurtado, Chile. Inicialmente, a natureza do objeto era incerta, oscilando entre asteroide ou cometa, mas observações subsequentes, como as de David Jewitt e Jane Luu com o Nordic Optical Telescope em 2 de julho de 2025, revelaram que o 3I/ATLAS estava visivelmente ativo com uma aparência difusa.

O objeto realizou seu perigeu com Marte no início de outubro de 2025, a aproximadamente 19 milhões de milhas, e seu ponto mais próximo do Sol (periélio) ocorreu em 29 de outubro de 2025. A visibilidade terrestre foi dificultada após o periélio devido à conjunção solar, tornando cruciais as observações de instrumentos posicionados mais distantes do Sol, como as espaçonaves em Marte. As observações realizadas entre 1 e 7 de outubro de 2025 pelas missões Mars Express e ExoMars Trace Gas Orbiter da Agência Espacial Europeia (ESA) foram fundamentais. O orbitador ExoMars TGO registrou o cometa em 3 de outubro de 2025, a cerca de 30 milhões de quilômetros do Planeta Vermelho, o que reduziu em um fator de dez a margem de erro da trajetória prevista. Este registro constitui a primeira vez que dados de um orbitador planetário foram aceitos no banco de dados do Minor Planet Center da União Astronômica Internacional, conferindo precisão inédita à rota do visitante.

Nicola Fox, Administradora Associada da Diretoria de Missões Científicas da NASA, reforçou a ausência de anomalias, afirmando que não foram detectadas "tecnossinaturas" que indicassem uma origem não natural. O valor científico do 3I/ATLAS reside em sua composição, que sugere formação em outro sistema planetário há cerca de 7 bilhões de anos, permitindo o estudo de materiais primordiais. Observações do Telescópio Espacial James Webb (JWST) indicaram uma coma rica em dióxido de carbono (CO₂), uma concentração considerada por alguns cientistas como sem precedentes em cometas conhecidos. Tom Statler, cientista da NASA, qualificou o cometa como uma valiosa "janela para o passado profundo", devido à sua origem pré-solar e pré-terrestre.

A composição química, que inclui alto teor de monóxido de carbono, sugere que a superfície do cometa foi modificada por raios cósmicos galácticos durante sua longa jornada interestelar. O objeto segue uma trajetória hiperbólica, não estando gravitacionalmente ligado ao Sol, e não representa perigo para a Terra; seu ponto de maior afastamento está previsto para sexta-feira, 19 de dezembro de 2025, a cerca de 167 milhões de milhas (269 milhões de quilômetros). Após o periélio, o 3I/ATLAS deverá cruzar a órbita de Júpiter na primavera de 2026 antes de deixar o Sistema Solar de forma permanente. A intensa observação por astrônomos profissionais e amadores foi complementada pela missão PUNCH (Polarimeter to Unify the Corona and Heliosphere) da NASA, que observou o cometa perto do Sol entre 20 de setembro e 3 de outubro de 2025. A análise contínua, incluindo dados futuros da missão JUICE da ESA, visa aprimorar a compreensão sobre a formação de cometas em toda a galáxia.

Fontes

  • Deutsche Welle

  • Science Alert

  • NASA

  • Space.com

  • NASA

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