Gana, sob a presidência de John Dramani Mahama, aceitou receber cidadãos da África Ocidental deportados dos Estados Unidos. Esta decisão surge no contexto das políticas de imigração mais rigorosas da administração Trump e da cooperação internacional em matéria de migração.
Um primeiro grupo de 14 indivíduos, incluindo nigerianos e um gambiano, já chegou a Gana, com as autoridades locais a facilitar o seu regresso aos países de origem. A entrada destes cidadãos em Gana é facilitada pelos protocolos regionais de livre circulação de pessoas na África Ocidental, que dispensam a necessidade de visto para cidadãos da região.
Esta iniciativa insere-se numa estratégia mais ampla dos EUA de expandir parcerias de deportação, com acordos semelhantes já estabelecidos com países como Ruanda, Essuatíni e Sudão do Sul. Em julho de 2025, os EUA deportaram cinco indivíduos para Essuatíni e oito para o Sudão do Sul, enquanto em agosto, Ruanda acolheu sete migrantes deportados. Gana atua como um centro de trânsito regional, em linha com os objetivos de integração e mobilidade da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Apesar de as relações entre Gana e os EUA permanecerem positivas, a decisão de Gana ocorre num período de tensões diplomáticas, incluindo tarifas mais elevadas sobre exportações ganenses e restrições de visto para cidadãos ganenses. O Presidente Mahama reconheceu uma mudança nas relações, mas manteve uma postura de cooperação.
A política dos EUA de deportação para países terceiros, que permite a expulsão de indivíduos para nações com as quais não têm laços, tem sido uma estratégia chave. Críticos e grupos de direitos humanos expressaram preocupações sobre as condições e a falta de salvaguardas legais para os deportados nestes países terceiros.
Estima-se que 6.200 ganenses estejam agendados para deportação dos EUA, o que torna Gana o país africano com o maior número de casos sob a política de imigração de Trump. O governo ganense está a implementar um programa de reintegração para auxiliar os cidadãos que regressam, visando garantir a sua readmissão com dignidade e respeito.