França Mergulha em Crise Política com Colapso do Governo e Protestos Generalizados

Editado por: gaya ❤️ one

A França encontra-se imersa numa profunda crise política, marcada pelo colapso do governo do Primeiro-Ministro François Bayrou em 2 de setembro de 2025, após um voto de desconfiança na Assembleia Nacional. A crise foi desencadeada pela proposta de um pacote de medidas de austeridade, que incluía a controversa eliminação de dois feriados nacionais, com o objetivo de reduzir a dívida pública do país. Em resposta, protestos em massa, sob o lema "Bloquons tout" (Bloqueemos tudo), eclodiram em todo o território, refletindo um vasto descontentamento social com as políticas fiscais implementadas.

Em resposta à queda do governo Bayrou, o Presidente Emmanuel Macron nomeou Sébastien Lecornu como o novo Primeiro-Ministro em 3 de setembro de 2025. Lecornu, um aliado de longa data de Macron e ex-Ministro das Forças Armadas, é reconhecido pela sua abordagem pragmática e pela sua experiência na gestão de crises, tendo liderado anteriormente o "Grande Debate Nacional" em 2019. A sua nomeação sugere uma continuidade nas políticas económicas, visando a estabilização do país e a prossecução da agenda de reformas.

Os protestos, amplificados pelas redes sociais, intensificaram-se em 10 de setembro de 2025, com particular destaque para Paris. Manifestantes tentaram bloquear o anel viário da cidade e confrontaram as forças de segurança. A polícia mobilizou cerca de 6.000 agentes na capital, efetuando 65 detenções e utilizando gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes. O Ministro do Interior cessante, Bruno Retailleau, condenou a violência, atribuindo-a a grupos de "extrema-esquerda ultra-violenta". Manifestações semelhantes ocorreram noutras cidades importantes, como Estrasburgo, Marselha, Toulouse e Lyon, incluindo bloqueios de autoestradas.

As medidas de austeridade propostas pelo governo Bayrou visavam reduzir o défice orçamental da França, que se situava em 5,8% do PIB, e controlar a dívida pública, que ultrapassava os 3,3 biliões de euros. Estas propostas foram veementemente criticadas por partidos de esquerda e sindicatos, que as consideraram um ataque aos direitos dos trabalhadores e ao modelo social francês. Jordan Bardella, líder do partido de direita Rassemblement National, classificou a medida como um "ataque direto à nossa história".

A atual crise política apresenta semelhanças com o movimento dos "Coletes Amarelos" de 2018-2019, que também protestou contra políticas de austeridade e desigualdade social. Contudo, os protestos atuais contam com o apoio de partidos de esquerda e sindicatos, que se distanciam explicitamente do Rassemblement National. A instabilidade política na França tem implicações significativas para a economia da Zona Euro, podendo afetar a confiança dos investidores e a gestão da dívida. Agências de rating já sinalizaram o aumento do risco da dívida pública francesa, e analistas alertam para o perigo de estagnação ou recessão, com repercussões em toda a economia europeia. A capacidade do novo Primeiro-Ministro Lecornu em formar um governo estável e gerir o descontentamento social será crucial para o futuro económico e político da França.

Fontes

  • Bild

  • BBC News

  • Le Monde

  • France 24

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