Cuba enfrenta uma crise energética sem precedentes, com apagões generalizados e diários que perturbam profundamente a vida cotidiana, o comércio e as atividades sociais em toda a ilha. O sistema elétrico nacional sofreu múltiplos colapsos em 2025, o mais recente e abrangente ocorreu em 10 de setembro de 2025, deixando toda a nação sem eletricidade. Este evento marcou o segundo apagão nacional em 2025 e o quinto desde o final do ano anterior.
As interrupções de energia são severas, com apagões que chegam a 20 horas diárias em muitas regiões, enquanto a capital, Havana, experimenta cortes de 4 a 5 horas. Essa instabilidade levou ao adiamento de atividades desportivas, laborais e educacionais. Empresas privadas lutam para operar com geradores, enfrentando a escassez e o alto custo do combustível no mercado informal. Hotéis turísticos, embora equipados com sistemas de auto-suficiência, confinam seus hóspedes às instalações enquanto outros serviços fecham.
A crise tem raízes profundas, ligadas à obsolescência das usinas termoelétricas, muitas das quais operam há mais de 40 anos sem manutenção adequada, e a uma crônica escassez de combustível. A falta de moeda estrangeira para importações agrava a situação. Historicamente, o colapso da União Soviética no início dos anos 90 marcou o início de um declínio significativo para o setor energético cubano, que dependia fortemente do fornecimento soviético. A aliança com a Venezuela nos anos 2000 ofereceu um alívio temporário, mas a própria crise econômica venezuelana a partir de 2016 impactou severamente o suprimento de Cuba.
As consequências econômicas são desastrosas, paralisando a produção doméstica e afetando setores cruciais como turismo e agricultura. A crise energética também representa um risco político, exacerbando o descontentamento social e levando a protestos raros. A situação econômica geral de Cuba é a pior em décadas, com inflação alta e escassez de bens essenciais, o que tem impulsionado a emigração de centenas de milhares de cubanos.
Em resposta, o governo cubano tem buscado diversificar sua matriz energética, com um foco crescente em fontes renováveis, especialmente energia solar. Projetos de parques solares e a instalação de sistemas fotovoltaicos em residências são parte de uma estratégia para aumentar a participação de energias limpas no sistema nacional, com metas ambiciosas para 2030. No entanto, esses objetivos enfrentam desafios significativos devido às restrições financeiras do país.
O governo, liderado pelo Primeiro-Ministro Manuel Marrero, tem pedido confiança à população, garantindo esforços intensos para restaurar o serviço. No entanto, as medidas de recuperação, como o uso de microssistemas para priorizar serviços essenciais e os reparos em usinas como a Antonio Guiteras, ainda não resolveram a crise estrutural. A necessidade de modernização da rede elétrica cubana é urgente, estimada em cerca de US$ 10 bilhões, um valor que o país não possui atualmente. A dependência de combustíveis fósseis e a infraestrutura envelhecida, combinadas com as sanções dos EUA que dificultam a importação de peças e financiamento, criam um cenário complexo e desafiador para o futuro energético de Cuba.