CEO da Maersk Alerta para Queda nos Preços do Petróleo em Meio a Aumentos de Produção da OPEP+ e Mudanças no Cenário de Combustíveis

Editado por: S Света

Emma Mazhari, CEO de trading de petróleo da Maersk, expressou preocupações significativas sobre o mercado global de petróleo durante a conferência APPEC 2025 em Singapura, em 9 de setembro de 2025. Ela destacou um risco elevado de queda nos preços do petróleo, impulsionado por um crescimento modesto na demanda global e um aumento na produção da OPEP+.

Mazhari apontou que esses fatores combinados podem desestabilizar os balanços globais de petróleo, exercendo pressão descendente sobre os preços. A OPEP+, em sua estratégia contínua para recuperar participação de mercado, anunciou um aumento de produção de 137.000 barris por dia a partir de outubro de 2025. Essa decisão surge em um contexto de projeções de crescimento da demanda global de petróleo, que, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), deve aumentar 680.000 barris por dia em 2025.

No entanto, o ritmo desse aumento de oferta, combinado com um crescimento de demanda considerado moderado, levanta preocupações sobre um potencial excesso de oferta no mercado. Análises de mercado indicam que o aumento da produção da OPEP+, juntamente com a produção crescente de países não-OPEP+, como Estados Unidos, Brasil e Canadá, pode levar a estoques de petróleo em ascensão. Períodos anteriores de aumentos sustentados de estoques globais, superiores a 1 milhão de barris por dia, historicamente resultaram em quedas de preços de 25% a 50%.

A AIE prevê que os estoques globais de líquidos de petróleo aumentarão 1,9 milhão de barris por dia no segundo semestre de 2025, com potencial para mais aumentos no início de 2026, o que pressionaria ainda mais os preços para baixo. Em contrapartida a essa dinâmica, Mazhari também previu um aumento substancial na oferta de combustíveis de baixo carbono após 2030.

Essa transição para opções mais sustentáveis no setor marítimo e de energia reflete uma mudança estrutural na indústria. O desenvolvimento de combustíveis como amônia e hidrogênio, juntamente com a crescente adoção de biocombustíveis, está moldando o futuro do setor. A indústria marítima está sob pressão para reduzir sua pegada de carbono, com metas ambiciosas estabelecidas pela Organização Marítima Internacional (IMO), que visa uma redução de pelo menos 40% na intensidade de carbono do transporte marítimo internacional até 2030 e atingir emissões líquidas zero até 2050.

A Maersk, como um dos maiores compradores de combustível marinho do mundo, está ativamente explorando e investindo em soluções de descarbonização, incluindo a possibilidade de propulsão nuclear a longo prazo. A declaração de Mazhari na APPEC 2025 oferece uma visão crítica sobre as complexidades do mercado de petróleo atual. A decisão da OPEP+ de aumentar a produção, embora visando a participação de mercado, pode inadvertidamente levar a uma queda nos preços, especialmente diante de um crescimento de demanda que não acompanha o ritmo. Ao mesmo tempo, o impulso em direção a combustíveis de baixo carbono sinaliza uma evolução necessária e inevitável na paisagem energética global.

Fontes

  • Reuters

  • Reuters

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