Entomofagia Espacial: Insetos Prometem Sustentabilidade em Missões de Longa Duração da ESA

Editado por: Tetiana Martynovska 17

Insetos no cardápio espacial 🦗

A exploração cósmica, um marco da ambição humana, enfrenta agora a necessidade de redefinir os seus pilares logísticos. A Agência Espacial Europeia (ESA) está a liderar uma investigação pioneira que integra a entomofagia, o consumo de insetos, nos sistemas de suporte vital regenerativo para missões estendidas a destinos como a Lua e Marte. Esta iniciativa representa uma mudança estratégica fundamental em direção à autossuficiência em ambientes extraterrestres, indo além de uma simples adaptação alimentar.

O foco central desta investigação reside na capacidade dos insetos de servirem como um recurso duplo essencial: fornecerem uma fonte proteica nutritiva e atuarem na conversão de resíduos orgânicos. Esta abordagem de ciclo fechado é crucial para garantir a sustentabilidade da presença humana no espaço, um desafio que se intensifica com a crescente distância da Terra e o problema do lixo orbital, que a ESA estima em mais de 130 milhões de objetos. A sustentabilidade espacial é, portanto, vista como um pré-requisito para a continuidade da presença humana no cosmos.

A premissa nutricional desta tecnologia já recebeu um endosso prático, quando a astronauta da ESA, Samantha Cristoforetti, consumiu uma barra de farinha de grilo em 2022. A investigação conta com a colaboração de parceiros como a empresa polaca Astronika, que, com o apoio do elemento Discovery das Atividades Básicas da ESA, desenvolveu um biorreator de insetos. Este dispositivo autónomo foi projetado para processar até 3,6 quilogramas de matéria orgânica por semana, convertendo-a em biomassa útil, potencialmente proteína para os astronautas, num sistema que visa ser verdadeiramente circular.

A viabilidade da solução é reforçada pelo contexto terrestre, onde milhares de milhões de pessoas já consomem mais de 2.000 espécies de insetos, reconhecendo o seu valor nutricional e a baixa pegada ecológica. A aceitação formal na Europa avançou significativamente em 2023, quando a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) autorizou o consumo de grilos domésticos e tenébrios amarelos, baseando-se em avaliações científicas rigorosas. Adicionalmente, estudos prévios demonstraram a resiliência destes organismos, com a conclusão bem-sucedida do ciclo de vida de moscas-das-frutas em microgravidade, sugerindo a adaptabilidade dos insetos às condições espaciais. A dupla função dos insetos — nutrição e reciclagem — aponta para a criação de ecossistemas espaciais autossuficientes, transformando um potencial fardo logístico numa fonte de renovação.

Fontes

  • SpaceDaily

  • Insects on the space menu

  • Using roaches to minimise waste in space

  • Ready for dinner on Mars?

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