O Debate sobre o Leite Integral é Reexaminado à Luz de Novas Pesquisas

Editado por: Olga Samsonova

Por muito tempo, o conselho nutricional predominante foi evitar o leite integral, associando-o a riscos cardiovasculares devido ao seu teor de gordura saturada. No entanto, pesquisas recentes estão lançando uma nova luz sobre este tema, sugerindo uma visão mais matizada sobre o consumo de laticínios integrais.

A ciência moderna aponta que a gordura presente no leite integral pode não ser o vilão que se pensava anteriormente. Alguns especialistas, como Dariush Mozaffarian, diretor do Instituto de Nutrição da Universidade Tufts, observam que a «condenação incorreta» da gordura láctea, iniciada na década de 1980, pode ser revista. Estudos indicam que o consumo de laticínios integrais, incluindo leite, queijos e iogurtes, não está associado a um maior risco de doenças cardiovasculares e obesidade; pelo contrário, pode até contribuir para a sua redução. Por exemplo, um estudo publicado no European Heart Journal em 2019 mostrou que o consumo moderado de produtos lácteos, incluindo leite, queijo e iogurte, está associado a um menor risco de doenças cardíacas. De fato, a gordura do leite é complexa, contendo mais de 400 tipos de ácidos graxos, alguns dos quais, como o ácido butírico, demonstram ter propriedades benéficas à saúde. A gordura do leite integral também contém ácidos graxos bioativos como o ácido oleico, que é um componente principal do azeite de oliva, conhecido por seus benefícios cardiovasculares.

A perspectiva sobre o leite integral está evoluindo, com novas evidências sugerindo que o foco deveria estar na qualidade geral da dieta, em vez de demonizar um único componente como a gordura saturada. A substituição de gorduras lácteas por açúcares e carboidratos refinados, em uma tentativa de reduzir a gordura, pode ter tido consequências indesejadas para a saúde pública. A complexidade da gordura do leite, com seus diversos ácidos graxos, sugere que os efeitos sobre a saúde são multifacetados e dependem do contexto alimentar geral. A pesquisa sugere que o padrão alimentar geral é um fator mais crítico do que o teor de gordura isolado do leite.

Isso significa que o consumo moderado de leite integral pode ter um impacto mínimo na saúde cardiovascular, especialmente quando inserido em uma dieta equilibrada. Em vez de uma simples dicotomia entre leite integral e desnatado, os especialistas agora enfatizam a importância de considerar o que substitui as calorias. Priorizar laticínios fermentados, como iogurte e queijo, e fontes de proteína vegetal, pode ser mais vantajoso. Além disso, uma meta-análise de 2020 sugere que crianças que consomem leite integral têm um risco menor de excesso de peso em comparação com crianças que consomem leite desnatado. Isso é especialmente relevante para países de baixa renda, onde o consumo desses produtos é limitado.

Alternativas vegetais ao leite, como as de amêndoa ou aveia, diferem nutricionalmente, muitas vezes contendo menos proteína e uma lista mais longa de ingredientes. O leite integral, por outro lado, oferece uma fonte natural de proteína de alta qualidade, cálcio, fósforo e vitaminas essenciais, como A e D. A gordura no leite integral não só contribui para um sabor mais rico, mas também auxilia na absorção de vitaminas lipossolúveis e fornece energia.

A ciência continua a desvendar as nuances da nutrição, e a reavaliação do leite integral reflete um movimento em direção a uma compreensão mais holística da alimentação. A escolha entre os tipos de leite deve ser individualizada, considerando as necessidades nutricionais e o estilo de vida de cada pessoa. Em última análise, a qualidade geral da dieta e o padrão alimentar parecem ser os determinantes mais significativos para a saúde cardiovascular e o bem-estar geral.

Fontes

  • LA TERCERA

  • The Washington Post

  • The Washington Post

  • The Washington Post

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