Novo Documentário 'Riefenstahl' Examina o Legado Complexo da Cineasta Nazista

Editado por: Anulyazolotko Anulyazolotko

O documentário "Riefenstahl", dirigido por Andres Veiel, mergulha na vida e obra da influente e controversa cineasta alemã Leni Riefenstahl, explorando sua relação com o regime nazista e o legado de sua arte.

O filme, que teve sua estreia mundial no Festival de Cinema de Veneza em agosto de 2024, recebendo o Cinema & Arts Award, examina as complexas camadas da obra de Riefenstahl, conhecida por filmes de propaganda como "O Triunfo da Vontade" e "Olimpíada". O documentário utiliza materiais inéditos do acervo pessoal de Riefenstahl, incluindo filmes caseiros, fotografias, gravações telefônicas e correspondências, que foram adquiridos pela Fundação do Patrimônio Cultural Prussiano em 2018.

Veiel aborda as alegações de Riefenstahl sobre sua suposta ignorância em relação às atrocidades nazistas, contrastando-as com imagens de arquivo e depoimentos. Um segmento notável apresenta Riefenstahl em uma conversa de 1976 com Elfriede Kretschmer, uma ativista anti-nazista, que expressou ceticismo sobre a alegada falta de conhecimento de Riefenstahl, afirmando que "ninguém que viveu numa cidade grande pode afirmar que não sabia o que estava acontecendo". O documentário também investiga a possível participação de Riefenstahl em mortes de civis judeus, apresentando evidências que sugerem que suas instruções durante uma filmagem na Polônia em 1939 podem ter sido interpretadas como uma ordem para atirar em trabalhadores judeus.

O diretor argumenta a favor do acesso educacional às obras de Riefenstahl, reconhecendo a influência duradoura de suas técnicas cinematográficas, que incluíram inovações como planos de câmera em movimento e lentes teleobjetivas. Veiel traça paralelos entre os métodos de propaganda de Riefenstahl e a retórica política contemporânea, sugerindo que o documentário serve como um alerta sobre a sedução do fascismo e a manipulação da arte para fins ideológicos.

O legado de Riefenstahl é complexo, com críticos reconhecendo seu talento inovador enquanto condenam sua associação com o nazismo. O documentário busca oferecer uma nova perspectiva sobre sua vida e obra, questionando como uma artista de seu calibre pôde se alinhar a um regime brutal e negar seu envolvimento por décadas. A forma como Riefenstahl lidou com seu passado, negando o conhecimento das atrocidades nazistas, é vista por Veiel como um protótipo do fascismo e um reflexo das estratégias de desinformação contemporâneas.

Apesar de sua morte em 2003, aos 101 anos, o debate sobre Leni Riefenstahl e a relação entre arte e propaganda continua vivo, com o documentário de Veiel convidando a uma reflexão profunda sobre a responsabilidade do artista e o poder da imagem na formação da opinião pública.

Fontes

  • infobae

  • WYPR

  • KPBS Public Media

  • Roger Ebert

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