O documentário "Botão de Pânico", de Samara Sagynbaeva, expõe um massivo escândalo de corrupção no Quirguistão, com foco na investigação do jornalista Ali Toktakunov. O filme detalha como Toktakunov desvendou um esquema de desvio de fundos estimado em 700 milhões de dólares, embora algumas fontes indiquem cerca de 1 bilhão de dólares,
A investigação, , revelou corrupção sistêmica no Serviço de Alfândegas do Quirguistão. Após a divulgação do relatório, a fonte que auxiliou Toktakunov foi assassinada em Istambul, forçando o jornalista e sua família a buscar refúgio. O documentário narra a angustiante jornada da família, desde a fuga inicial até o retorno ao Quirguistão em meio a crescentes ameaças.
Estreando no Festival Internacional de Cinema de Busan, "Botão de Pânico" também aborda as implicações para as liberdades civis e a mídia independente no Quirguistão. O filme também foi exibido no festival One World em Praga, conhecido por suas exibições dos melhores documentários sobre direitos humanos. A corrupção é um problema endêmico no país, tendo sido um fator nas revoluções de 2005 e 2010. A mídia investigativa, com o apoio de organizações como a Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL) e Kloop, tem sido crucial na exposição desses esquemas.
Por sua atividade anticorrupção, Toktakunov foi agraciado com o prêmio "Campeão Anticorrupção" do Departamento de Estado dos EUA, entregue pelo Secretário de Estado Antony Blinken.
No entanto, jornalistas investigativos no Quirguistão enfrentam intimidação, ameaças e processos judiciais, como o caso de difamação contra a RFE/RL e outros veículos após a publicação da investigação. O filme de Sagynbaeva, iniciado como um projeto de classe enquanto o jornalista e sua família estava escondido em Praga, documenta tanto os perigos enfrentados quanto a resiliência diante da adversidade.
A situação no Quirguistão reflete um desafio maior para a liberdade de imprensa e a sociedade civil na Ásia Central, onde corrupção e autoritarismo frequentemente se entrelaçam. Em 2019, o Quirguistão ocupava o 126º lugar no Índice de Percepção da Corrupção da Transparency International, com 30 pontos de 100. A luta contra a corrupção exige coragem e perseverança, com a mídia desempenhando um papel vital na exigência de transparência e responsabilidade. "Botão de Pânico" é um testemunho poderoso da bravura dos jornalistas investigativos em ambientes desafiadores, ressaltando a importância de proteger aqueles que buscam a verdade.