Terra Primitiva: Um Planeta Árido à Espera da Vida

Editado por: Tasha S Samsonova

Uma nova análise científica indica que a composição química fundamental da Terra foi estabelecida em um período extremamente curto, apenas três milhões de anos após a formação do Sistema Solar. Essa descoberta sugere que a proto-Terra era um planeta rochoso e árido, desprovido dos elementos essenciais para o surgimento da vida como a conhecemos. A pesquisa, publicada na Science Advances e conduzida pelo Instituto de Ciências Geológicas da Universidade de Berna, utilizou um sistema de medição de tempo de alta precisão baseado no decaimento radioativo do manganês-53. Este método permitiu datar a formação da Terra com uma precisão de menos de um milhão de anos para materiais com bilhões de anos de idade.

Esses achados reforçam a hipótese de que eventos cósmicos posteriores foram cruciais para a criação das condições habitáveis em nosso planeta. Em particular, uma colisão planetária massiva, possivelmente com um corpo celeste conhecido como Theia, é considerada a fonte dos elementos voláteis vitais, como a água e compostos de carbono. Antes desse evento cataclísmico, a Terra primitiva era um ambiente quente e seco, carente de substâncias essenciais à vida. Acredita-se que Theia, originária de regiões mais distantes do Sistema Solar onde os voláteis eram mais abundantes, tenha entregado esses componentes cruciais.

Essa teoria é apoiada por estudos que analisam isótopos de molibdênio em rochas do manto terrestre, indicando uma origem no Sistema Solar exterior para o material que trouxe água para a Terra. A colisão com Theia, que também se acredita ter formado a Lua, não apenas introduziu água, mas também elementos de carbono e compostos orgânicos, essenciais para o desenvolvimento da vida. Pesquisas anteriores já haviam sugerido que a água poderia ter sido entregue por cometas e asteroides, mas a evidência mais recente aponta para Theia como a principal fornecedora.

A análise de rochas lunares trazidas pelas missões Apollo também sugere que a Terra pode ter herdado a maior parte de sua água dos materiais a partir dos quais ela e a Lua se formaram, em vez de recebê-la inteiramente de impactos posteriores. O desenvolvimento futuro da pesquisa visa detalhar esse evento de colisão e refinar modelos que expliquem as composições físicas e químicas da Terra e da Lua. A compreensão de como nosso planeta adquiriu seus elementos vitais nos lembra da natureza dinâmica e interconectada da formação planetária e do papel fundamental que eventos cósmicos desempenharam na criação de um mundo capaz de sustentar a vida.

Fontes

  • ScienceDaily

  • New insights into the formation of the Earth

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