Uma nova pesquisa sugere que Ceres, o planeta anão mais massivo do cinturão de asteroides, pode ter abrigado um oceano global em sua história inicial, apresentando condições propícias para a vida microbiana há bilhões de anos.
O estudo, liderado por Samuel W. Courville da Arizona State University e do Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA, baseia-se em dados da missão Dawn. Courville e sua equipe desenvolveram modelos térmicos e químicos que simulam a evolução de Ceres. Eles propõem que, entre 2,5 e 4 bilhões de anos atrás, a atividade geotérmica no interior rochoso de Ceres pode ter liberado fluidos de rochas metamorfizadas, criando um ambiente com desequilíbrio redox. Esse desequilíbrio teria fornecido uma fonte de energia química essencial para organismos quimiotróficos.
Embora não haja evidências diretas de vida passada em Ceres, as descobertas reforçam a teoria de que o planeta anão possuía os três elementos cruciais para a habitabilidade: água, moléculas orgânicas (já identificadas pela missão Dawn) e uma fonte de energia química duradoura. Essa energia teria se originado da decomposição de elementos radioativos no núcleo rochoso de Ceres quando ele era jovem, um processo considerado comum no Sistema Solar.
Diferentemente de luas geladas como Europa e Encélado, que se beneficiam do aquecimento de maré causado pela atração gravitacional de planetas gigantes, Ceres não possui uma fonte de aquecimento interno contínua. Portanto, seu potencial máximo para a habitabilidade ocorreu em seu passado distante. Atualmente, Ceres é um mundo frio, com mais gelo e menos água, e a água líquida remanescente existe como uma salmoura concentrada, tornando-a menos provável de ser habitável no presente.
A missão proposta Calathus visa coletar amostras perto dos criovulcões de Ceres para aprofundar a compreensão de sua habitabilidade passada. A análise dessas amostras, especialmente das regiões de sal na Cratera de Occator, pode fornecer informações críticas sobre a história química e o potencial biológico de Ceres. Essas descobertas ampliam nosso entendimento sobre onde as condições para a vida podem ter existido em outros corpos celestes do Sistema Solar.