Uma reclassificação astronómica significativa está a abalar a compreensão das estruturas cósmicas. Ursa Major III, anteriormente considerado o objeto mais ténue da Via Láctea e predominantemente composto por matéria escura, é agora proposto como um aglomerado estelar compacto com um núcleo de buraco negro.
Esta descoberta, publicada em agosto de 2025 na The Astrophysical Journal Letters, é fruto de uma colaboração internacional entre astrofísicos da Universidade de Bonn, na Alemanha, e do Instituto de Estudos Avançados em Ciências Básicas (IASBS) no Irão. A equipa de investigação, liderada por Ali Rostami-Shirazi, sugere que a elevada massa observada em Ursa Major III não se deve à matéria escura, como se pensava anteriormente, mas sim a um núcleo denso de buracos negros e estrelas de neutrões. Esta concentração gravitacional seria responsável por manter as estrelas remanescentes unidas.
As simulações computacionais avançadas realizadas pelos investigadores indicam que a evolução de Ursa Major III ao longo de escalas de tempo astronómicas pode ser totalmente explicada sem a necessidade de invocar a presença de matéria escura. Esta nova perspetiva desafia o modelo cosmológico padrão e levanta a possibilidade de reavaliação de outros corpos celestes atualmente associados à matéria escura.
Análises anteriores, que atribuíam a massa anómala de Ursa Major III à matéria escura, podem ter interpretado mal a influência gravitacional de um núcleo estelar denso. Hosein Haghi, outro membro da equipa, explica que as interações gravitacionais ao longo de milhares de milhões de anos com a Via Láctea podem ter removido as estrelas mais externas do aglomerado, concentrando a massa num núcleo escuro e massivo. Esta dinâmica, anteriormente vista como um indicador de matéria escura, é agora entendida como uma consequência natural da evolução de aglomerados estelares densos.
Esta descoberta oferece uma visão inovadora sobre a natureza de Ursa Major III e pode contribuir para uma compreensão mais profunda da formação e evolução de aglomerados estelares e galáxias em todo o universo. A investigação liderada por Rostami-Shirazi e os seus colegas da Universidade de Bonn, um centro de excelência em astrofísica com uma longa tradição de investigação de ponta, abre novas avenidas para explorar a composição e dinâmica de objetos celestes enigmáticos. O IASBS, fundado em 1991, tem sido um pilar na promoção da investigação científica avançada no Irão, colaborando ativamente com instituições internacionais para expandir o conhecimento cósmico.