Cientistas registraram em 14 de janeiro de 2025 o sinal de ondas gravitacionais mais potente já detectado, um evento cósmico que enviou ondulações pelo próprio tecido do espaço-tempo com uma intensidade três vezes maior que a primeira detecção histórica de 2015. O fenômeno, denominado GW250114, resultou da fusão de dois buracos negros, cada um com aproximadamente 30 vezes a massa do Sol, ocorrida há 1,3 bilhão de anos. A clareza sem precedentes deste sinal permitiu aos pesquisadores validar duas das mais renomadas previsões da física: a teoria da simplicidade dos buracos negros de Albert Einstein e a lei de área de Stephen Hawking.
A descoberta, detalhada na revista Physical Review Letters, inaugura uma nova era na astronomia de ondas gravitacionais, possibilitando o teste de princípios fundamentais da física com uma precisão nunca antes alcançada. O Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO) passou por atualizações significativas em sua sensibilidade, resultando em um sinal com uma relação sinal-ruído de cerca de 80, um valor três vezes superior ao da histórica detecção de 2015. Essa melhoria permitiu a análise detalhada da fase de "ringdown", onde o buraco negro recém-formado vibra como um sino após ser tocado.
Pela primeira vez, os cientistas identificaram dois tons vibracionais distintos, confirmando que os buracos negros se comportam conforme previsto por Einstein em suas equações de relatividade geral, com uma margem de erro mínima. Isso representa a primeira prova direta de que os buracos negros seguem as mesmas leis físicas observadas na Terra. Os achados também corroboram a lei de área de Stephen Hawking, que postula que a área do horizonte de eventos de um buraco negro jamais pode diminuir. Os pesquisadores mediram as áreas superficiais dos buracos negros originais e as compararam com a do buraco negro fundido final, demonstrando que este último possuía um horizonte de eventos maior do que a soma das áreas de seus precursores, exatamente como Hawking previu em 1971.
A clareza excepcional do sinal GW250114, em contraste com a detecção de 2015, foi possível graças aos avanços nos detectores LIGO. Maximiliano Isi, pesquisador da colaboração LIGO-Virgo-KAGRA, descreveu o evento como "a visão mais clara até agora sobre a natureza dos buracos negros". Os resultados também apoiam a descrição matemática de Roy Kerr para buracos negros em rotação, indicando que eles podem ser completamente definidos por sua massa e spin.
Com o LIGO detectando fusões de buracos negros com frequência crescente, o futuro da astronomia de ondas gravitacionais é promissor. Futuras atualizações, como a inclusão do LIGO-India, aprimorarão ainda mais a capacidade de detecção de eventos cósmicos. Observatórios de próxima geração, como o Einstein Telescope e o Cosmic Explorer, poderão detectar fusões minutos antes de ocorrerem, permitindo que telescópios capturem shows de luz associados. Aamir Ali, diretor de programa na National Science Foundation, comentou que "há um universo inteiro a ser explorado através desta lente completamente nova, e estas últimas descobertas mostram que o LIGO está apenas começando". O evento GW250114 exemplifica como a curiosidade humana e a inovação tecnológica desvendam os segredos mais profundos do cosmos, com avanços futuros prometendo detalhes sem precedentes sobre buracos negros e estrelas de nêutrons.