Uma descoberta monumental na astronomia revelou um buraco negro com uma massa impressionante de 36 bilhões de vezes a do nosso Sol, localizado na galáxia Cosmic Horseshoe. Esta entidade cósmica, situada a aproximadamente 5 bilhões de anos-luz de distância, representa um dos buracos negros mais massivos já detectados, superando em cerca de 10.000 vezes a massa do buraco negro no centro da nossa própria Via Láctea.
A pesquisa, publicada em agosto de 2025 na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, lança nova luz sobre a evolução de galáxias e seus buracos negros centrais. A determinação da massa deste buraco negro foi um feito notável, utilizando uma combinação de lentes gravitacionais e o estudo da cinemática estelar. As lentes gravitacionais, um fenômeno onde a gravidade de um objeto massivo curva a luz de objetos mais distantes, criaram um anel de Einstein quase completo ao redor da galáxia Cosmic Horseshoe. Essa distorção espacial permitiu aos astrônomos, liderados por Carlos Melo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil, e com contribuições de pesquisadores como o Professor Thomas Collett da Universidade de Portsmouth, não apenas detectar, mas também medir com alta confiança a massa deste buraco negro colossal.
O método inovador permitiu a detecção mesmo de buracos negros 'dormentes', que não estão ativamente acretando material. Esta descoberta é particularmente significativa por aprofundar a compreensão sobre a intrincada relação entre buracos negros supermassivos e suas galáxias hospedeiras. A teoria predominante sugere uma ligação coevolutiva: à medida que as galáxias crescem, elas canalizam matéria para seus centros, alimentando o crescimento de seus buracos negros. A galáxia Cosmic Horseshoe, sendo um 'grupo fóssil' – o resultado da fusão de múltiplas galáxias menores –, exemplifica um estágio final na formação de galáxias e buracos negros. Acredita-se que os buracos negros de galáxias precursoras se fundiram para formar esta entidade ultramassiva. Essa observação corrobora a ideia de que o crescimento de buracos negros e galáxias estão intimamente ligados, com processos de feedback que regulam a formação estelar nas galáxias.
O Professor Collett destacou que, embora existam outros buracos negros massivos conhecidos, como o TON 618 (com estimativas de massa entre 40 e 66 bilhões de massas solares), a precisão na medição da massa deste novo achado é notavelmente alta. A capacidade de medir com mais certeza a massa de buracos negros distantes, mesmo quando inativos, abre novas avenidas para a exploração do universo. A equipe planeja usar dados do telescópio espacial Euclid da Agência Espacial Europeia para identificar mais desses gigantes cósmicos e desvendar como eles moldam a formação estelar em suas galáxias. A descoberta na Cosmic Horseshoe não apenas expande os limites do que se acreditava ser possível para o tamanho de um buraco negro, mas também oferece uma janela para os processos fundamentais que governam a evolução do cosmos.