Uma descoberta científica monumental revelou a existência de 85 lagos subglaciais anteriormente desconhecidos sob as vastas camadas de gelo da Antártida, elevando o número total de lagos ativos conhecidos para 231. Esta revelação, baseada em uma década de dados coletados pelo satélite CryoSat-2 da Agência Espacial Europeia (ESA) entre 2010 e 2020, oferece uma visão sem precedentes sobre os processos hidrológicos que ocorrem nas profundezas do continente gelado.
Os lagos recém-identificados exibem ciclos dinâmicos de enchimento e drenagem, indicando um sistema hidrológico subglaciar muito mais ativo e em constante mudança do que se supunha anteriormente. Essas flutuações são cruciais para a compreensão do fluxo de água sob o gelo antártico e seu potencial impacto na estabilidade das geleiras e no aumento do nível do mar global. A pesquisa destaca que a hidrologia subglaciar é um componente vital, mas frequentemente negligenciado, nos modelos climáticos atuais, que projetam a contribuição das vastas camadas de gelo para a elevação do nível do mar.
Os dados do CryoSat-2, que utiliza um altímetro de radar para detectar pequenas variações na altura do gelo, permitiram aos pesquisadores mapear essas mudanças na superfície do gelo associadas à atividade dos lagos subglaciais. Essa metodologia revelou não apenas a presença de novos lagos, mas também cinco redes de lagos interconectados e novos caminhos de drenagem, sugerindo um sistema hídrico subglaciar mais complexo e interligado. A análise dos dados documentou 37 eventos completos de drenagem e 34 eventos de enchimento, aumentando significativamente o número de ciclos de enchimento e drenagem observados mundialmente.
Essas descobertas são fundamentais para aprimorar as projeções futuras do aumento do nível do mar, pois a dinâmica desses corpos d'água ocultos influencia diretamente a velocidade com que o gelo flui em direção ao oceano. A pesquisa, publicada na revista Nature Communications, sublinha a necessidade contínua de monitoramento desses ambientes subglaciais dinâmicos para uma compreensão mais precisa do papel da Antártida nas mudanças climáticas globais. A inclusão desses dados em modelos de camadas de gelo é vista como essencial para refinar as previsões e antecipar potenciais pontos de inflexão que poderiam acelerar drasticamente a perda de gelo.