Confluência de La Niña e Vórtice Polar Sinaliza Inverno Potencialmente Severo nos EUA

Meteorologistas preveem que a temporada de inverno de 2025-2026 nos Estados Unidos será marcada por eventos climáticos extremos, uma projeção resultante da convergência de dois fenômenos atmosféricos de grande escala: o padrão La Niña e uma potencial desestabilização do vórtice polar.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) confirmou que as condições de La Niña devem persistir de dezembro de 2025 até fevereiro de 2026, um cenário que historicamente facilita o deslocamento da corrente de jato polar para o sul, direcionando massas de ar ártico para latitudes mais baixas. Este padrão é agravado pela possibilidade de um Aquecimento Súbito Estratosférico (SSW), um evento que pode enfraquecer ou deslocar o vórtice polar, forçando-o a se mover para o sul e desencadear frio intenso e precipitação de neve, em paralelos com o observado em dezembro de 2000.

O vórtice polar, uma circulação ciclônica de ar frio sobre o Hemisfério Norte, mantém o frio extremo confinado ao Ártico em seu estado estável. Um SSW, caracterizado por um aumento rápido de 30 a 50 graus Celsius na estratosfera polar em poucos dias, pode perturbar essa estrutura. O climatologista Judah Cohen, do MIT, indicou que um SSW é o maior tipo de perturbação que o vórtice polar pode sofrer, com potencial para empurrar o ar frio para o sul dos Estados Unidos, com efeitos que podem começar em dezembro e se estender por janeiro.

A interação desses fatores cria uma bifurcação na previsão sazonal: um cenário aponta para frio e neve prolongados, enquanto o outro sugere um inverno mais típico impulsionado apenas pelo La Niña. As condições de La Niña, estabelecidas em setembro de 2025, são definidas pelo resfriamento das águas superficiais do Pacífico Equatorial, com o índice Niño-3.4 registrando -0,5°C na última semana analisada. Embora a NOAA preveja que este evento de La Niña será de fraca intensidade, com valores médios trimestrais do índice Niño-3.4 variando entre -0,5°C e -0,9°C, seus impactos não são desprezíveis, pois interage com outros sistemas atmosféricos.

Tipicamente, La Niña promove um sistema de alta pressão sobre o Pacífico Norte, o que desloca a corrente de jato para o sul, resultando em invernos mais frios e úmidos no norte dos EUA, enquanto o sul experimenta menos neve. A vulnerabilidade do país a incursões polares é historicamente documentada; por exemplo, tempestades de inverno em janeiro de 2024 causaram a morte de pelo menos 40 pessoas em nove estados americanos. O estudo do SSW é crucial, pois seus efeitos se propagam da estratosfera para a troposfera, afetando padrões meteorológicos em continentes inteiros e exigindo monitoramento contínuo para mitigar riscos econômicos e sociais.

A previsão para o trimestre de dezembro a fevereiro indica uma probabilidade de 50% para La Niña, com a transição para condições neutras sendo provável entre janeiro e março de 2026, com 55% de chance. A NOAA ressalta que, apesar da fraca intensidade prevista para La Niña, impactos significativos nas temperaturas, precipitação e queda de neve devem ser observados, especialmente no Noroeste, Upper Midwest e partes da Nova Inglaterra, regiões que historicamente recebem neve acima da média em anos de La Niña fraca.