As pradarias marinhas de Posidonia oceanica no Mediterrâneo estão a revelar-se aliadas essenciais na luta contra a poluição por microplásticos. Conhecidas como "bolas de Neptuno", estas formações naturais funcionam como ímãs, capturando minúsculas partículas de plástico que são subsequentemente depositadas nas linhas costeiras.
Investigações recentes, publicadas em 2024, confirmam a notável capacidade da Posidonia oceanica em aprisionar microplásticos. Um estudo da Universidade de Barcelona indicou que estas bolas podem conter até 1.500 fragmentos de plástico por quilograma, e estima-se que as pradarias de Posidonia no Mediterrâneo consigam reter cerca de 867 milhões de peças de plástico anualmente. A maior concentração de microplásticos foi encontrada nos rizomas destas plantas marinhas.
Este processo natural é crucial para a remoção de microplásticos do ambiente marinho, embora a acumulação destes poluentes possa ter impactos nas cadeias alimentares bentónicas. Em Espanha, estão em curso esforços de conservação, como um projeto na Baía de Pollença, Maiorca, que utilizou fragmentos de plantas naturalmente desprendidos para restaurar 2 hectares de pradarias marinhas, alcançando uma taxa de sobrevivência superior a 90%.
Apesar destes avanços, a perda global de pradarias marinhas é alarmante, com uma diminuição estimada de 29% desde o final do século XIX. Estas formações enfrentam ameaças como a má qualidade da água, o desenvolvimento costeiro, espécies invasoras, o aumento da temperatura dos oceanos e a elevação do nível do mar. No Mediterrâneo oriental, a Posidonia oceanica é particularmente afetada por ondas de calor e poluição industrial.
A Posidonia oceanica é mais do que um simples agente de limpeza; é um ecossistema fundamental para a saúde do oceano. Estas plantas marinhas absorvem grandes quantidades de dióxido de carbono, funcionando como os "pulmões do Mediterrâneo", e libertam oxigénio. Além disso, melhoram a qualidade da água, estabilizam o fundo do mar e as praias, e fornecem refúgio e alimento para uma vasta gama de espécies marinhas. A sua preservação é vital para a biodiversidade marinha e para a resiliência costeira.