Asteroide Ryugu: Nova Evidência Revela o Papel da Água na Formação dos Oceanos da Terra

Editado por: Inna Horoshkina One

Análises recentes de amostras do asteroide Ryugu, trazidas à Terra pela missão Hayabusa2 em dezembro de 2020, revelaram descobertas surpreendentes sobre a presença e o papel da água em corpos celestes. A pesquisa, focada na composição isotópica de Ryugu, sugere que a água líquida esteve presente e atuante em seu corpo parental por um período significativamente mais longo do que se imaginava, estendendo-se por mais de um bilhão de anos após sua formação inicial. Essa constatação reconfigura a compreensão sobre a atividade hídrica em asteroides, que antes se acreditava ser restrita às fases iniciais da formação do Sistema Solar.

O estudo da razão entre os isótopos de lutécio-176 e háfnio-176 nas amostras de Ryugu revelou uma proporção inesperadamente elevada. Tal achado aponta para a infiltração de um fluido no asteroide parental, um processo que alterou sua composição isotópica. A hipótese mais provável para explicar essa alteração é um impacto que teria causado o derretimento de gelo submerso. Essa dinâmica hídrica prolongada em asteroides como Ryugu, que são ricos em carbono, reforça a teoria de que tais corpos podem ter sido fontes cruciais de água para a Terra primitiva.

A contribuição desses asteroides para os oceanos e a atmosfera terrestres pode ter sido mais substancial do que as estimativas anteriores indicavam. Estudos de 2024 apontaram para a descoberta de minerais como o Hamp (fosfato de amônio e magnésio hidratado), um composto cristalino com semelhanças à estruvita, ligada à formação biológica, levantando a possibilidade do papel da matéria extraterrestre na origem da vida na Terra. A análise isotópica, que identifica a abundância de isótopos em compostos, é uma ferramenta fundamental para desvendar essas origens cósmicas.

As amostras de Ryugu são consideradas um tesouro científico por sua pureza e preservação, funcionando como cápsulas do tempo que guardam informações sobre os primórdios do Sistema Solar. A análise detalhada de sua composição mineral e orgânica foi realizada com técnicas avançadas de imagem por raios X não invasivas. Entre os compostos identificados estão minerais como dolomita e ankerita, ricos em manganês, além de pirrotita e magnetita, compostos de ferro em formas de sulfeto e óxido. A presença de compostos metálicos raros, como sulfetos de cobre, também foi detectada.

Essas descobertas não apenas enriquecem nosso conhecimento sobre a formação planetária, mas também oferecem pistas valiosas sobre como a água e as moléculas orgânicas, essenciais para o surgimento da vida, chegaram ao nosso planeta. A compreensão da interação entre asteroides e a Terra primitiva, mediada pela água, abre novas perspectivas sobre a evolução dos nossos oceanos e a própria existência da vida em nosso planeta.

Fontes

  • New Scientist

  • Isotopic analysis determines that water once flowed on asteroid Ryugu

  • Hayabusa2 - NASA Science

  • We Can Thank Deep-Space Asteroids for Helping Start Life on Earth

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