Racionalidade Compartilhada: Estudo Revela Flexibilidade de Pensamento em Chimpanzés

Editado por: Olga Samsonova

Uma investigação recente, publicada na prestigiada revista Science, sugere que os chimpanzés possuem uma capacidade de raciocínio flexível, adaptando-se a novas informações de maneira semelhante aos seres humanos. Este achado redefine as fronteiras cognitivas, indicando uma continuidade evolutiva no pensamento que antes era considerado exclusivo da nossa espécie. O estudo foi conduzido por uma equipe que incluiu pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley e da Universidade de Utrecht.

Os testes rigorosos ocorreram no Santuário de Chimpanzés da Ilha Ngamba, em Uganda. A experimentação centralizou-se na habilidade dos primatas de reavaliar escolhas prévias. Os chimpanzés eram apresentados a dois recipientes, um contendo um alimento desejado, recebendo inicialmente um indicativo sobre a localização da recompensa. O momento decisivo ocorria quando evidências mais robustas e convincentes eram introduzidas, apontando para o outro recipiente. Observou-se que os espécimes frequentemente alteravam sua decisão inicial, demonstrando que ponderavam a força das evidências apresentadas.

Este padrão de ajuste de crenças com base em dados mais sólidos assemelha-se ao processo cognitivo notado em crianças humanas por volta dos quatro anos de idade. Para garantir que a mudança de escolha refletisse um raciocínio genuíno e não apenas uma reação a estímulos recentes ou mais óbvios, a equipe utilizou modelagem computacional avançada e experimentos estritamente controlados. Tais análises descartaram explicações simplistas, confirmando que os animais descartavam ativamente pistas enganosas em favor de informações mais sólidas.

A descoberta desafia a visão tradicional de que a racionalidade, definida como a habilidade de formar e refinar convicções a partir de fatos observados, é um atributo singular da humanidade. Em vez de um abismo intransponível, a inteligência parece manifestar-se como um espectro compartilhado. A filósofa Kristin Andrews, da City University of New York, comentou que é inspirador reconhecer a inteligência profunda dos seres com quem partilhamos o planeta. A equipe de pesquisa planeja agora estender este mapeamento comparativo das habilidades de raciocínio para outras linhagens de primatas.

Adicionalmente, o estudo insere-se num contexto de pesquisas anteriores com outros primatas, como macacos-prego e rhesus, que já indicavam uma disposição para explorar caminhos mais eficientes na resolução de problemas. Essas descobertas sugerem que a capacidade de se desvencilhar de um padrão fixo em busca de uma solução superior é um traço mais difundido na árvore da vida do que se supunha, convidando a uma reavaliação da posição humana no panorama da inteligência natural.

Fontes

  • BioBioChile

  • Psychology study suggests chimpanzees might be rational thinkers

  • Chimpanzee Metacognition Allows Humanlike Belief Revision

  • Chimpanzees rationally revise their beliefs when presented with new evidence

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