O estado do Pará, no Brasil, deu um passo significativo na conservação de suas espécies marinhas ao reconhecer oficialmente o peixe-boi amazônico (Trichechus inunguis) e o peixe-boi marinho (Trichechus manatus) como patrimônio natural e cultural intangível. Esta designação, formalizada pela Lei nº 11.171/2025, publicada em 23 de setembro de 2025, ressalta a profunda relevância ecológica, cultural e socioambiental desses mamíferos aquáticos para a região amazônica.
Com a nova classificação, os programas de conservação de peixes-boi receberão prioridade para investimento governamental, parcerias e acordos de cooperação. O governo estadual também estabelecerá colaborações com organizações da sociedade civil, universidades e entidades nacionais e internacionais para financiar e implementar ações voltadas à proteção e preservação dessas espécies vulneráveis. Essa iniciativa reflete um compromisso crescente com a fauna amazônica, reconhecendo o valor intrínseco desses mamíferos e os esforços dedicados de biólogos, veterinários, educadores e comunidades locais na sua salvaguarda.
Renata Emin, presidente do Instituto Bicho D'Água, destacou a importância desta medida como um reconhecimento fundamental do valor das espécies e do trabalho árduo de todos os envolvidos na preservação da fauna amazônica. Em Soure, na Ilha de Marajó, uma nova instalação de aclimatação para peixes-boi, com 500 m² e capacidade para até oito animais, está em fase final de construção, com inauguração prevista para novembro de 2025. Este projeto, apoiado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), visa otimizar o resgate de peixes-boi em uma região que já demonstra sinais de declínio populacional.
Esforços recentes de resgate, como o de um jovem peixe-boi amazônico em abril de 2025 em Santa Cruz do Arari, exemplificam o espírito colaborativo entre órgãos públicos, ONGs e moradores locais. Essas ações demonstram coletivamente o empenho do Pará na conservação dos peixes-boi e o reconhecimento de seu papel vital na biodiversidade e identidade cultural da Amazônia. A valorização cultural dos peixes-boi remonta a séculos, com comunidades indígenas considerando-os guardiões dos rios e figuras centrais em suas tradições e folclore, reforçando a necessidade de esforços contínuos de conservação.