O Zoo de Praga está a utilizar uma abordagem inovadora para criar dois filhotes órfãos de abutre-de-cabeça-amarela-menor, utilizando fantoches de mão que imitam os pais. Esta técnica é essencial para prevenir a impronta em humanos, um fenómeno que pode prejudicar o desenvolvimento social e reprodutivo das aves, impedindo-as de interagir corretamente com a sua própria espécie.
Antonín Vaidl, curador de criação de aves do zoo, explicou que o contacto humano direto com filhotes pode causar problemas comportamentais permanentes, afetando a sua capacidade de interação intraespecífica. O uso de fantoches garante que os filhotes desenvolvam uma identidade de espécie, crucial para o seu sucesso reprodutivo futuro. A eficácia desta técnica já foi comprovada com outras espécies em perigo crítico, como o calau-rinoceronte e a gralha-da-java. O Zoo de Praga é uma das três instituições europeias dedicadas à criação do abutre-de-cabeça-amarela-menor, uma espécie encontrada em habitats de terras baixas sazonalmente húmidas ou alagadas, como pântanos e florestas degradadas no México, América Central e América do Sul. Apesar de classificado como "Pouco Preocupante" pela IUCN, com uma população global estimada entre 100.000 e 1.000.000 de indivíduos, a perda de habitat representa uma ameaça potencial. A capacidade do abutre de localizar carcaças pela visão e olfato é vital para a sua função ecológica como necrófago, auxiliando no controlo da propagação de doenças. A impronta em aves é um processo de aprendizagem inicial onde os filhotes formam um vínculo com o primeiro objeto ou animal com que têm contacto, essencial para aprender comportamentos de sobrevivência. A impronta em humanos pode levar à dificuldade de interação com outros da sua espécie, resultando em exclusão social e incapacidade de reprodução. Os esforços do Zoo de Praga demonstram uma abordagem consciente à conservação, assegurando a sobrevivência imediata dos filhotes e contribuindo para a saúde a longo prazo da espécie.