Descoberta Paleontológica Excepcional no Peru: Fóssil de Golfinho de 12 Milhões de Anos Revela Detalhes do Passado Marinho

Editado por: Olga Samsonova

Paleontólogos no Peru anunciaram uma descoberta paleontológica notável: um esqueleto quase completo de um golfinho marinho com 12 milhões de anos, desenterrado no Deserto de Ocucaje. O espécime, identificado como Lomacetus, mede aproximadamente 3,5 metros e encontra-se em um estado de conservação excepcional, proporcionando uma visão sem precedentes da vida marinha do período Mioceno.

O Lomacetus, que exibe semelhanças com as marsopas modernas encontradas na costa peruana, possui grande importância científica. Os pesquisadores esperam que este achado forneça insights detalhados sobre a locomoção, dieta e ciclo de vida desta espécie extinta. Mario Urbina, um dos principais pesquisadores, descreveu Ocucaje como um local de imenso valor paleontológico, que outrora foi um mar vibrante propício à reprodução de diversas espécies.

As condições geográficas únicas da região, que funcionou como uma bacia marinha ativa por mais de 45 milhões de anos, favoreceram a preservação da vida marinha. Movimentos tectônicos e mudanças climáticas transformaram este antigo leito marinho no deserto atual, preservando esses vestígios antigos. Ocucaje é reconhecido mundialmente como um dos sítios paleontológicos mais importantes, com descobertas anteriores que incluem baleias de quatro patas, tubarões pré-históricos e tartarugas gigantes.

Em 2024, o crânio de um golfinho de rio pré-histórico, Pebanista yacuruna, datado de 16 milhões de anos, também foi encontrado na área, fornecendo evidências cruciais para a reconstrução da transição ecológica de cetáceos marinhos para de água doce. A descoberta do Lomacetus reforça a importância do Peru no estudo de espécies marinhas fósseis e na compreensão das respostas de longo prazo dos ecossistemas marinhos às mudanças ambientais.

O Lomacetus pertence à família Kentriodontidae, um grupo considerado intermediário na evolução dos odontocetos (cetáceos com dentes). Sua presença no Pacífico Sul sugere uma distribuição mais ampla do que se pensava anteriormente, levantando questões sobre as antigas rotas migratórias durante o Mioceno. O Período Mioceno Médio, entre 15 e 11 milhões de anos atrás, foi marcado por um evento significativo de aquecimento global conhecido como o Ótimo Climático do Mioceno Médio (MMCO), que provavelmente proporcionou condições mais quentes e estáveis para a vida marinha em regiões de latitudes médias e tropicais, como o Peru.

O fóssil passará por análises extensivas antes de sua exibição pública, com expectativa de ser abrigado em museus nacionais, servindo como peça fundamental para a divulgação científica e educação sobre o patrimônio natural do Peru. A região de Ocucaje, especificamente a Formação Pisco, é conhecida por seus sedimentos marinhos do Mioceno e Plioceno, e mais de 60% dos fósseis marinhos encontrados no Peru nas últimas duas décadas originam-se desta área. No entanto, o deserto de Ocucaje enfrenta desafios de conservação, incluindo o roubo de fósseis e a expansão urbana informal, destacando a necessidade de proteção legal para preservar este valioso patrimônio.

Fontes

  • Excélsior

  • Correo

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