A Origem dos Cães: Evidências Apontam para Domesticação Humana Ativa

Editado por: Olga Samsonova

A compreensão sobre a origem dos cães está a ser redefinida por novas evidências arqueológicas e genéticas, que contrariam a antiga teoria da autodomesticação. As descobertas indicam um processo de domesticação moldado ativamente pela intervenção humana, com raízes que remontam a mais de 36.000 anos, um período anterior à agricultura e à sedentarização. Fósseis encontrados na Eurásia, datando entre 35.500 e 13.000 anos atrás, revelam diferenças morfológicas significativas em relação aos lobos, como menor peso médio (31,2 kg contra 41,8 kg), focinhos mais curtos e palatos mais largos, sugerindo uma seleção morfológica direcionada. Análises de DNA antigo apontam para origens múltiplas da domesticação, possivelmente no Sudoeste e Leste Asiático, indicando que o processo pode ter ocorrido de forma independente em diferentes locais. A presença de cães há mais de 36.000 anos demonstra que este fenómeno antecede a revolução agrícola.

A hipótese da iniciativa humana ganha força, propondo que humanos do Paleolítico adotavam e criavam filhotes de lobo, selecionando os mais dóceis para reprodução, como salientado pelo biólogo evolutivo Raymond Pierotti, que afirma que "Se as pessoas estão dispostas a dedicar esforço, elas podem gerir praticamente qualquer tipo de canídeo como companheiro. A chave é começar quando são muito jovens." Evidências arqueológicas, como a descoberta de um cão sepultado ao lado de humanos há 16.000 anos no sítio de 'Uyun al-Hammam na Jordânia, apoiam esta perspetiva, sugerindo laços profundos. A arqueozoóloga Mietje Germonpré, pioneira na investigação da domesticação sob a ótica da intervenção humana, acredita que a adoção de filhotes de lobo como animais de estimação foi o passo inicial. Lobos possuíam valor simbólico e ritualístico, além de utilitário, com dentes usados como ornamentos e crânios perfurados em rituais. A investigação de Loukas Koungoulos sobre dingos sepultados com os Primeiros Povos das Nações na Austrália, com ritos funerários semelhantes aos humanos, sugere um laço profundo que desafia a noção de que são puramente selvagens, exemplificando que a coexistência prolongada pode modificar o comportamento de uma espécie, mesmo sem domesticação definitiva.

Fontes

  • infobae

  • Infobae

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