O mercado de ações indiano sofreu quedas significativas em 28 de agosto de 2025, em resposta direta à implementação de novas tarifas pelos Estados Unidos sobre bens indianos. O índice BSE Sensex registrou uma baixa de 0,59%, encerrando o dia em 80.315,2 pontos, enquanto o Nifty 50 recuou 0,51%, atingindo 24.583,75 pontos. Essa retração reflete a apreensão global diante do aumento das tensões comerciais e suas potenciais consequências econômicas.
A elevação das tarifas de importação dos EUA sobre produtos indianos para 50%, efetiva desde 27 de agosto de 2025, foi motivada pela contínua aquisição de petróleo russo pela Índia. Essa medida, que representa o dobro da taxa anterior de 25%, impactou diretamente a capitalização de mercado, com as empresas listadas na BSE perdendo aproximadamente ₹2 lakh crore em valor, caindo de ₹449 lakh crore para ₹447 lakh crore. Setores com alta intensidade de mão de obra e forte dependência de exportação, como têxteis, joias, couro, produtos de engenharia e frutos do mar, enfrentam agora um cenário de desafios acentuados.
Estimativas da Global Trade Research Initiative (GTRI) indicam que as exportações indianas para os EUA podem sofrer uma redução de 40-45% no ano fiscal de 2025-26. Setores como vestuário e joias podem experimentar colapsos de volume de até 70%. Essa situação também contribuiu para uma retirada de fundos por parte de investidores de portfólio estrangeiros (FPIs), que retiraram cerca de ₹6.516 crore em um único dia e mais de US$ 700 milhões no geral, em meio à instabilidade e à busca por mercados mais seguros.
Analistas de mercado alertam para uma pressão contínua sobre os índices, especialmente em setores voltados para exportação, e observam uma cautela crescente entre investidores institucionais estrangeiros. A incerteza nas relações comerciais e as avaliações de mercado consideradas elevadas levantam preocupações sobre a recuperação dos lucros no curto prazo, com projeções de um período de volatilidade até que a situação se estabilize ou novas estratégias de mercado surjam.
Em resposta a este cenário, o governo indiano está reconfigurando suas estratégias comerciais para mitigar o impacto. A ênfase recai sobre a diversificação de mercados, visando reduzir a dependência do mercado americano. Acordos comerciais com o Reino Unido e a União Europeia estão em andamento, e um esforço concertado para explorar novas parcerias em regiões como América Latina e Sudeste Asiático está sendo intensificado. Paralelamente, a iniciativa 'Vocal for Local' e possíveis ajustes na estrutura do imposto sobre bens e serviços (GST) buscam fortalecer a demanda doméstica e impulsionar a competitividade interna, criando um colchão econômico contra choques externos.
Setores como farmacêutico e eletrônico foram isentos das tarifas mais recentes, oferecendo um alívio pontual para essas áreas. Essa conjuntura, embora apresente desafios imediatos, também oferece uma oportunidade para uma reavaliação estratégica e o fortalecimento da resiliência econômica da Índia, buscando navegar por estas turbulências e transformar obstáculos externos em catalisadores para o crescimento e autossuficiência.